sábado, 22 de abril de 2023

"As aparências enganam

aos que odeiam
e aos que amam..."

[07 de abril de 2009]

As figuras poéticas nada me dizem sobre o amor. O nada me diz tudo sobre o amor, e isso basta. É o que o amor é, afinal: o vasto deserto de nada, vazio, incógnito, frio e escuro. Mais um caminho estranho de perdição. E isso pode até ser uma metáfora para definir o que eu penso sobre o amor; mas isso não importa. Sobre essa dor, nada mais importa a mim, além de minhas próprias percepções, das certezas dolorosas às quais eu cheguei após me lançar voluntariamente à tentativa frustrada. Todo o restante são só belezas puras. A poesia não contém a verdade sobre o amor - não uma verdade universal, ao menos. Não a minha verdade. Deixa, que, apesar de mentirosa, a poesia é bela e alenta o coração. Ela tem uma nobre finalidade.

Mas deixe a verdade do Amor quieta, calada, adormecida em suas cruéis proporções. A verdade não merece ser cantada. Deixa, que a ilusão e a mentira são mais confortáveis de se escutar.


"...Os corações cortam lenha, e depois
se preparam pra outro inverno.
Mas o verão que os unira
ainda vive e transpira ali:
nos corpos juntos, na lareira,
na reticente primavera,
no insistente perfume
de alguma coisa chamada amor..." (Tunai)

"oh love
he tells me
i don't know
can't understand
never think
don't know how
only that
there is intense connection
strong binding
abiding warmth
oh love
i come to you who know
the way
oh love
i kneel down
and press my face
against the bosom of memory
where i first yearned
and knew then
how to let my hunger speak
" (bell hooks)

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