sexta-feira, 24 de julho de 2015

What if...

Minha mãe tem medo das cortinas voando, e me pede logo que eu feche um pouco a janela
E eu me pergunto, "por quê?"
E amarro a cortina e deixo o vento do litoral varrer a casa

La mer... here we are, together, again.

Meu pai me mostra uma cicatriz das histórias de ontem e de tomorrow
"Já te contei essa história?"
E eu, condescendente, digo que não,
Porque as pessoas cheias de histórias precisam muito contá-las
E eu, que já havia até escrito sobre ela,
Busco nas postagens antigas o link para ele escutar a música de 1972, cheia de memórias, no YouTube.

O vento do litoral continua me varrendo
Me fazendo refletir sobre o mar, a imensidão agorafóbica do mar,
La mer... La mère. Não a terra, Gaia, mas a mar.

E eu também sinto muita falta das minhas prazerosas noites mal-dormidas.
E um misto de profunda raiva, humilhação, reverência e gratidão se embola no meu peito e na minha mente

Quais são os limites do afeto?
(Se eu não sei dimensioná-los, talvez eles não existam, ainda, pra mim.)


     "Olá, guardador de rebanhos,
     Aí à beira da estrada,
     Que te diz o vento que passa?"
   
     "Que é vento, e que passa,
     E que já passou antes,
     E que passará depois.
     E a ti o que te diz?"

     "Muita cousa mais do que isso.  
     Fala-me de muitas outras cousas.  
     De memórias e de saudades
     E de cousas que nunca foram."

     "Nunca ouviste passar o vento.
     O vento só fala do vento.
     O que lhe ouviste foi mentira,
     E a mentira está em ti."



quinta-feira, 16 de julho de 2015

Quando eu aprender a me amar

Quero fazê-lo como os deuses fazem pela humanidade:

Com zelo, com caridade, com paciência,

No aguardo piedoso de que eu me lembre que Eu e eu mesma somos uma única coisa vinda de um único ponto e destinada a um mesmo lugar: a Unidade.

(E quero amar o meu corpo como eu amo o corpo de outrem,
E quero amar a minha alma como eu amo a alma de outrem,
E que eu aprenda a ocupar, em mim, o lugar que o outro ocupa:
O pedestal das coisas sagradas.)

O ensinamento, para mim, é inverso:
Mayara,
Ama a ti mesma como amas o outro.

terça-feira, 14 de julho de 2015

A felicidade é um estado de exceção

Desde você, eu nunca mais consegui perceber a beleza das flores. As abelhas voando eram tão melancólicas quanto a sombra que eu estava trazendo comigo.

Nunca mais postei fotos de flores no meu Instagram desde você. Você matou uma leveza que eu tinha de enxergar a vida - eu a tinha, mesmo que infeliz. Você pesou de morte a minha existência. Porque agora realmente a esperança me parece não normal, mas um evento especialmente reservado aos profundamente infelizes.

(Segunda-feira, 13 de julho de 2015, 13h31 - the fateful day after

A felicidade é um estado de exceção

Se não estivéssemos sempre infelizes, não buscaríamos a felicidade, porque só buscamos aquilo que não temos

Então o normal é a infelicidade, e a felicidade só é mágica e maravilhosa porque ela é rara

Raríssima. E dolorida.)

Fateful days have become so terribly usual since I had you.

E eu acabei de perceber onde que está a minha maior dificuldade da vida
Que só me complica, só me complica
Em absolutamente TODOS os setores da minha existência:
Eu não consigo me amar porque eu tenho dificuldade em perceber que eu existo
Que eu sou uma presença no mundo (que não é um peso pras pessoas)
Que pode ser extremamente prazeroso ter a mim mesma deitada sob a minha companhia

E o clichê mais óbvio se fez, novamente, verdade:
Realmente só se pode amar o próximo quando se ama a si mesmo.
Foi um ensinamento religioso, afinal, esse
E a gente nunca deve subestimar os ensinamentos religiosos puros
Que realmente promovem o religare:
Ama ao próximo como a ti mesmo.
Ou seja:
AME-SE, CARALHO
SENÃO NÃO DÁ PRA AMAR O PRÓXIMO, PORRA.

Só que de uma forma bonitinha, com o imperativo da segunda pessoa todo pomposo em "ama".

Tão banal, e, ao mesmo tempo,
A MAIOR DIFICULDADE QUE EU TENHO NESSA VIDA.

que vontade de me xingar de todos os palavrões por eu ser tão estúpida, por ter sido tão estúpida esse tempo todo, por ter sido ensinada a ser tão estúpida e demorado tanto a enxergar o óbvio.

http://youtu.be/dAjJm8foMEg (for me to remember tomorrow)

domingo, 5 de julho de 2015

I'm panicking

Nessa longa noite de 17 horas de sono
Meu subconsciente me fez revisitar todos os processos dolorosos pelos quais eu tive que passar até enfim chegar à total supressão do inominável sentimento que eu tinha
E de uma maneira tão louca
Como se fosse uma montanha russa das emoções mais intensas que já foram concebidas pelos hormônios humanos e pelos arquétipos divinos

Não sei se eu, enfim, cheguei ao estágio de loucura que eu tanto almejava
E se eu realmente almejava esse estado de loucura
Sei que eu estou totalmente fora de mim há alguns dias
E isso está me apavorando

(Ao mesmo tempo que eu não sei se simplesmente ganhei uma nova forma de percepção da realidade
Um tanto quanto enevoada, eu poderia dizer,
E se a forma antiga era uma forma defeituosa do meu cérebro
Mas meu poder de julgamento diminuiu drasticamente
E eu não sei o quão positivo isso é para a vida em sociedade
E para a minha mente control freak)

[Talvez esse gatilho disparado em alguma região do meu cérebro
Tenha sido propositalmente escolhido
Para eu aprender a lição de não ser tão control freak
E perceber que nem sobre o meu corpo eu tenho tanto controle
Quanto eu espero ter sobre a realidade]

Mas é que eu simplesmente não sei viver
Sem criar expectativas demais
Medindo as cadeias de reações que eu vou criar no mundo
Porque eu nunca tive dimensão do que é a minha existência na realidade concreta
Eu sempre vivi demais no mundo dos pensamentos
(Quem dera fosse o mundo das ideias!)

Então eu sofro e sofrem por mim na mesma proporção
Pelos mesmos motivos - expectativas e hormônios
E, apesar de eu estar literalmente louca,
Eu só quero o que eu venho querendo nos últimos tempos todos:
Descanso.
(Tanto para o que eu sofro quando para o que sofrem por mim.)