segunda-feira, 3 de agosto de 2015

Essa pessoa

Estranha e triste
Solene e calada
Eufórica e irritante
Desequilibrada e contida
Sou eu

Resultado de tudo o que vivi
Retrato/mosaico daquilo que me tornei
Reflexo do que a passagem dos anos traz
àqueles que os vivem profundamente.

Eu tenho medo de várias coisas
Medo de esquecer
Medo de ser esquecida
Medo de viver à margem
de tudo o que eu podia ter vivido.

E a minha coragem fica limitada
à sinceridade com que eu consigo articular o que eu sinto

Mas, se isso assusta e afasta,
Talvez seja mais fácil, mesmo,
Ficar na covardia do isolamento.

(Não quero ser corajosa sozinha.)

sábado, 1 de agosto de 2015

Echoes

Alguns minutos parada no ônibus ligado, com alguma emoção inquieta remoendo no meu peito
- Talvez a ansiedade de chegar ao destino,
Talvez a lástima de ter deixado o que deixei para trás
Mas, em ambos os casos, nada é tão grave ou definitivo

Alguns minutos aqui parada, escrevendo no computador, no meu colo
Coisa que eu jamais havia feito
Quantas coisas eu fiz atualmente que eu jamais havia feito antes?
Meus deuses, acho que eu até já perdi a conta.

Eu sei que há alguma coisa me inquietando
Porque essa calma não é nada costumeira
- Essa calma do day after
Ela era uma euforia elétrica há algum tempo

E talvez isso signifique uma série de coisas
That I don't really know if I dare to say
It's so freaking difficult to face how things change, sometimes

[]

Há uma série de retratos presos nas minhas retinas
- Recurso físico fabulosamente esculpido pela seleção natural, é o que dizem -
Que ficaram aqui, impressos na minha memória,
Por evocarem uma beleza simbólica tão descomunal
Que, de alguma forma, merecem ser registrados fora de mim,
Porque eu não aguento não gritar pro mundo
O que há de maravilhoso na existência

(Por mais que eu seja profundamente envolvida pela angústia
E pode ser que seja por isso mesmo que
O que há de maravilhoso na existência
Me seja tão caro - achar descanso para o peso da vida no banal
Tem um pouco de alquimia desesperada)

Então vou tentar traçá-los da forma mais fiel possível
Porque se, em algum momento, minha memória falhar
(E ela tem tendido bastante a isso)
Não vou ter perdido para sempre os lampejos que separam o cotidiano do banal
(Que é o que faz toda a diferença de sentido em uma existência
And this is something I really dare to say).

(...)

Esse caminho imagético
Reaviva em minha memória o prazer das minhas noites intranquilas
In which I just want to give myself to your arms
- Ver a lua se transformar em lua cheia novamente,
Fenômeno raro e belo, como é raro e belo o sagrado feminino,
Com a psicodelia sonora making my senses come to life:
I would spend eternal seconds
Carving you forever in my tired eyes.