sexta-feira, 21 de maio de 2010

Por Amanda Mazzoni.

A METADE QUE FALTAVA

Primeiro contato:

_Mudo.

Na aproximação, o afeto

No olhar, o amor

Em um teatro mágico,

do Dia-a-dia:

_Só para raros.

Na poesia,

O encontro de almas

Na realidade,

Uma outra metade:

A metade que faltava.













Muito obrigada. (L)

sábado, 15 de maio de 2010

Nostalgia.

Os dias frios, eles trazem um vento cortante que, quando sopra, parece que nos atravessa com o fio de milhares de navalhas. A dor do frio é boa, o sangue quente flui pelas feridas da lembrança. O frio desfaz as cicatrizes de dores passadas. Há lembranças que doem, mas é uma dor que remete à vida.

Saudade dos tempos em que eu sentia meu coração vivo.
[Não que seja completamente sério. Eu só desaprendi a sentir.]

[...]

Vejo aquela boca purpúrea e sinto vontade de um beijo que sele completamente essa transição entre o passado e o futuro. Como se tudo o que passou finalmente pudesse ficar para trás. Mas esse é o beijo e o efeito que nunca vou conseguir, e o futuro está adiado por tempo indeterminado. Que assim seja. Amém.

[...]

Queria dizer sobre como os sentimentos florescem com dificuldade em um coração árido. Mas eles ainda florescem, e eu sou capaz de loucuras, e eu sou capaz de sutilezas - arrancadas com dificuldade da terra seca, mas não completamente infértil, do meu coração. Ainda sou capaz de um amor amigo, ainda sou capaz de cuidar das pessoas, ainda sou capaz de ter compaixão pela humanidade, ainda sou capaz de vibrar com a arte - mas esqueci de como me amar, e como amar alguém que me ame enquanto sua complementação. Todos são completos por conta própria, eu sinto - mas há pessoas que nos fazem ainda mais completos, que nos transbordam. Eu não encontrei, e não vou encontrar a pessoa que me transborda. Porque isso é algo mútuo, e eu ainda não aprendi a compartilhar esse sentimento. Eu ainda não aprendi muita coisa - ou apenas esqueci, e não consigo me lembrar de jeito nenhum.

[...]

A poesia tem poder de despertar corpos e almas. Há uma poesia que me despertou - me despertou a capacidade de fantasiar irrealidades. Que assim sejam: irreais, as minhas esperanças. Mas são esperanças verdadeiras, ainda que inverossímeis. Nem eu estou entendendo o que digo, porque "sentir é estar distraído" [A. Caeiro], e quando estamos distraídos não pensamos, "eu não sei falar porque estou a sentir" [A. Caeiro]. A poesia personificada me mostrou que eu ainda sei sonhar com o amor que atravessa muitas e muitas vidas - aquela que eu tanto quero encontrar, e que talvez não exista para mim. Mas eu não deixei de sonhar. Ainda bem.

[...]

A boca purpúrea e o rosto pálido cantaram, para mim, uma utopia. Que assim seja, utópico esse sentir. O amor é sempre utópico. Nada é como esperamos que seja - as expectativas nada são além de esperanças vãs. Quero um sentimento puro para permear minhas esperanças e pensamentos em relação àquele poeta que, eternamente, está gravado em mim. "Só enquanto eu respirar vou me lembrar de você..."

[...]

Meus dedos gelados, com o esmalte roído, digitam freneticamente as palavras que, arrancadas de mim, traduzem com dificuldade esse turbilhão de pensamentos que me acomete. Talvez, talvez, talvez... Talvez eu goste dessa confusão boa que o frio me traz. Talvez eu esteja recuperando o lirismo que há tanto tempo perdi. Talvez esse seja um bom passo para eu voltar a achar a felicidade. Escrever me faz feliz, de qualquer maneira.

[Mas parece que sempre terá algo faltando.]
[Eu sou uma eterna insatisfeita.]

[...]


Vai dar tudo certo, eu prometo. A todos vocês.
Acreditem, tudo vai ficar bem.
Apenas mantenham a calma,
Respirem fundo.
Os nossos tempos e sentimentos loucos
Pedem muita cautela, paciência e,
Acima de tudo,
Calma.

Sejam felizes, assim como eu estou tentando ser.
A busca é sempre mais prazerosa e proveitosa do que alcançar o objetivo,
Já nos ensinavam os nobres cavaleiros medievais.
Quem quiser ir à busca comigo, venha,
Será um prazer dividir essa aventura.




:*

quarta-feira, 12 de maio de 2010

[Só enquanto eu respirar vou me lembrar de você...] E é por isso que eu respiro.

Quando a escuridão é absoluta,
Um simples lampejo torna-se
Luz no fim do túnel - esperança.
Um negro sem fim engole-me; abissal, profundo,
Mas há lampejos estelares ao meu redor
- Por isso sei que não morri. Talvez eu esteja
Apenas caindo, devagar,
Espaço abaixo... Implacável.
Mas posso tentar voar
De volta à superfície. Posso
Recriar as minhas antigas asas
E traçar o caminho que quero
Para essa minha tão estranha vida
- E são aqueles lampejos estelares
Que me acordam os olhos
E alimentam sonhos e coração.
Por eles, e apenas por eles,
Tenho vivas e brilhantes esperanças
De esquecer o que é a queda,
De não lembrar mais da escuridão
E, finalmente, voltar a voar.





- Obrigada a vocês, minhas estrelas particulares. O abismo ainda não me capturou completamente porque vocês estão comigo.