sábado, 26 de junho de 2010

Has the moon lost her memory?






E a palavra me sugeriu uma ideia um tanto quanto longínqua, mas perfeitamente clara, quase tangível. Necessito acreditar que essa ideia pertence ao meu futuro; será uma boa esperança. Sonho essa ideia já é.
[E não sei se revelo a palavra, porque não sei quem irá ler.]
[Como eu queria saber o que se passará no futuro!]

[...]

E a dúvida é cruel: será que eu devo sonhar e ter esperanças, mesmo? Será que não são coisas vãs, gasto inútil de energia e tempo? Estou oscilando entre o sim e o não, e nunca acho uma resposta exata. Não existe talvez, nesse caso.

[...]

E a lua é uma maldade com o meu coração, essa luz perfeitamente inserida na escuridão noturna. Lembra-me vagamente algo que eu não quero especificar... Mas que está intrinsecamente ligado a mim.

A noite escura, a noite vazia... Vazia de muitas coisas. Mas que ainda tem uma luz, para lembrar que o dia há de voltar. E eu espero pela volta do dia, e espero sozinha. E sozinha estarei quando o sol despontar, e sozinha contemplarei o sol sumindo, a noite chegando, e essa sucessão de certa forma eterna me lembrará, de certa forma, que estou eternamente sozinha.

[...]

Porque eu estou tão reticente? Porque eu espero que as pessoas queiram adivinhar as entrelinhas das minhas palavras? Isso não é interessante. Mas tudo bem. Eu só preciso registrar esses meus pensamentos... Quem quiser lê-los, que se sinta à vontade. Quem quiser me perguntar sobre, eu também não me importo... Só não espere uma resposta objetiva.

[...]

Sonhar é bom, bom demais. Mas sonhar apenas já não está me satisfazendo. Eu ando precisando de muito mais do que sonhos. Ando precisando viver poesia. Isso não é muito difícil, eu creio... Só é necessário que as pessoas certas estejam na minha vida. Certas não - específicas. Não sei se o que eu quero é a coisa mais certa... Mas é o que eu quero, e não creio que seja necessário qualquer julgamento.

Eu vou guardar umas certas palavras, que um certo alguém me enviou, sobre o sonho. Guardo pra mim porque sou um tanto egoísta mesmo. São palavras belas, que me ajudaram deveras. Quando a situação não for mais constrangedora, eu até posso divulgá-las... Mas talvez não seja a hora certa. E talvez a hora certa nunca chegue.

[...]

Ainda me preocupo muito com o julgamento externo, como se já não bastasse a minha consciência implacável me lembrando das minhas inúmeras falhas.

Só não quero que me compreendam mal, mas muitas pessoas assim o fazem. Sei que o problema está comigo. Mas ele insiste em não me largar. Qualquer dia eu tomarei uma atitude mais enérgica em relação a isso.

[...]

É que eu não tenho culpa das prioridades automáticas que meu coração e minha mente estabelecem. Mas eu vou mudar, porque eu quero. E eu vou parar de reclamar, totalmente... Já consegui diminuir drasticamente o pessimismo da minha vida com os meus esforços até agora. Não vou parar, essa mudança é bem positiva.

[...]

'Nostalgia' é uma palavra que sempre me agradou - agora ela me inunda.

'Melífluo' é uma palavra que me chamou a atenção há pouco tempo, e já constitui o léxico das palavras que certamente definem os meus sonhos.

Ainda que 'inefável' seja uma palavra que também pertence a esse conjunto.

Ah, as palavras... Elas me encantam. Acho que estou no caminho certo, então. Quero palavras me rodeando, me encantando e assustando, me despertando e entorpecendo, me incomodando e me acalmando... Até o fim dos meus dias.

[...]

Vai ficar tudo bem, porque sempre vale a pena. Sempre vale. Não existe nada inútil ou casual. Eu acredito nisso.



E fim!

domingo, 20 de junho de 2010

P.S.





É incrível poder perceber que não preciso de muito para ser feliz. E a questão não é contentar-se com pouco, mas sim não sofrer por utopias.

São as palavras. Não as palavras vazias. São aquelas que encerram sentimentos em si e, quando lidas, são capazes de fazer com que o destinatário sinta perfeitmanete aquilo que o remetente pretendia. Essas palavras me fazem feliz, porque encurtam distâncias, põem corações em sintonia, reduzem um pouco a saudade e me transmitem amor - o amor de que preciso para saber que não sou sozinha.

E se a utopia é algo impossível, ainda tenho meus sonhos de fazer com que dor alguma exista - e vou alimentando tais sonhos com as doses homeopáticas de felicidade. Dentro das possibilidades reais consigo projetar meus sonhos e, assim, evito uma dor a mais: desejar algo fora do meu alcance.

Contento-me com o possível mas não ignoro minha capacidade de mudar meu destino - por isso sonho. Mas só consigo alimentar esses sonhos porque tenho suas palavras. Só quero ainda a plenitude... Feliz eu já sou.












Para a minha querida Tia Chö, também conhecida como Ana Carolina. :) [http://ovortice.wordpress.com/]

domingo, 13 de junho de 2010

In the cold heart of the night;


[Quando a noite é fria, as sensações são claras, sensíveis, e as palavras não podem ser contidas.]




"Os tristes acham que os ventos gemem; os alegres acham que eles cantam." Zalkind Piatigorsky

Hoje o vento está gemendo, passando pelas frestas da minha janela, me enregelando o corpo até os ossos, quase até o coração. O frio me domina de fora pra dentro, mas conservo em mim uma chama que não me deixa congelar por completo. Difícil, decerto.
E talvez eu esteja triste, ou esteja apenas com vontade de escrever... E deixar que a minha pequenina musa cante um pouquinho, para que eu me livre, de alguma forma, do verdadeiro aborrecimento que está preso em minha garganta.
E sei que esse não deveria ser o intento da minha [suposta] arte, mas descobri que para mim não tem jeito. Eu só sei escrever para me libertar do que me oprime. Isso é positivo, de alguma forma...
Ou não, né?

[...]

“Sou uma mulher de detalhes fortes nos músculos do coração. Viver não é apenas estar aqui bebendo a água ou tocando o fogo. Viver pode ser alguma coisa a mais, além dessa exatidão humana. Por isso denuncio minha alma: ela tem desvios. Não é perecível nem inadulterável. Parece oca quando choro” Mirian Freitas

Escrevo...
Escrevo a dor dos meus dias e a certeza de um novo amanhã.
Certeza um tanto incerta.
Com meu coração esmagado entre os dedos gélidos tento me tornar menos vazia, ou melhor, menos sombria. Lembro-me que sempre fui assim: poesia e escuridão. Nada estava diferente.
As palavras só davam seqüência a aquele ciclo que havia sido certamente interrompido.
Não me adianta gritar para libertar-me, ninguém me ouviria. Tudo está longe... o meu tudo está longe... nas entranhas do tempo.

[...]

Sempre fui assim, poesia e escuridão. A luz foi eclipsada pela passagem dos dias sombrios, a necessidade de sol sempre foi apenas uma esperança. Então a escrita foi o caminho que encontrei para tentar buscar calor, sonhos e ideais, ou para romper a distância que há entre mim e o meu tudo, ou para esquecer a vida pequena, sonhar com a distante grandeza da vida. A distância é fria e vazia - como essa noite gélida, onde tudo é solidão... Onde tudo o que eu quero é sonhar, sendo que isso é o que menos consigo.

[...]

Acho que não sei sonhar. Meus instantes sempre ficam ali, na cama, imóveis.
Luto por um descanso da alma e o máximo que consigo é matar as esperanças que eu tinha nas mãos.
Meu silêncio não se acalma, minha alma não dorme, não se encontra.

Repito: estou só, e com frio. Me sinto oca, com medo e sem fé. Sem fé em mim.
Queria entender a inutilidade desses meus últimos dias, mas mesmo abalada pelo frio minhas razões não me deixam só. Prossigo, amargurada, com esse vazio da minha própria existência.

[...]

Razão e vazio. Não, não é disso que eu preciso. Preciso de emoção que me preencha completamente a vida, que me transborde, que me recorde a vida que eu nunca tive, mas que de alguma forma está guardada na minha memória. Tenho aquela estranha saudade de algo que nunca aconteceu...

Um sentimento específico, na verdade. Eu preciso me recordar de que eu sou capaz de um certo sentimento. Porque a sensação é a de impossibilidade total de sentir, e me parece que toda a vida fui assim, mas sei que algo em mim entende o que quero. Talvez eu sonhe com o impossível... E é a falta de fé que me faz acreditar que haja algo impossível.

[...]

Não preciso falar de esperanças, elas não cabem nesse momento.
Disso eu me recordo.
As dores que sinto hoje são nostalgias do ontem. São notas perdidas na canção que fiz para você. Melodia rara de um coração ainda puro, sem marcas.
Meu futuro é incerto, sem promessas ou encantos programados.
Talvez eu só queira a paz para viver sozinha, descobrir essa minha essência indecifrável.

Renunciei a mim mesma por um alguém e agora meu choro e meu silêncio dizem que sou infeliz.
Hoje me sinto velha, amargurada, pedinte. A beira de um abismo, longe da vida.

[...]



Velhinha

Florbela Espanca


Se os que me viram já cheia de graça
Olharem bem de frente para mim,
Talvez, cheios de dor, digam assim:
"Já ela é velha! Como o tempo passa!..."

Não sei rir e cantar por mais que faça!
Ó minhas mãos talhadas em marfim,
Deixem esse fio de oiro que esvoaça!
Deixem correr a vida até ao fim!

Tenho vinte e três anos! Sou velhinha!
Tenho cabelos brancos e sou crente...
Já murmuro orações... falo sozinha...

E o bando cor-de-rosa dos carinhos
Que tu me fazes, olho-os indulgente,
Como se fosse um bando de netinhos...


.
.
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Por M. Peixoto e A. Mazzoni.



sábado, 5 de junho de 2010

Fragile.

'cause the love you used to feel is still there, inside,
It may be a faded photograph, but I know you care
- So don't hide...
If you're scared, I'm here beside you,
If you get lost I'm here to guide you,
And I'll give you peace when peace is fragile...
Love is all the good in you,
Love is peace when peace is fragile.

If you're scared, I'm here beside you,
If you get lost I'm here to guide you,
And I'll give you peace when peace is fragile...

[...]

I said, baby, don't worry,
Life will carry,
Just take it slowly.



[I know you're broken...]



Vai ficar tudo bem. Eu prometo.

Mas a vida...

...é uma caixinha de surpresas.

E eu estou cansada dessas botas com salto gigante.
E desses livros, essas páginas intermináveis, que têm me dado sono, e apenas sono - assim como a vida, ela só tem me dado sono.
Porque as botas, os livros, a vida, tudo tem me cansado de tal maneira que eu não sei como reagir, e eu não tenho do que descansar - não fisicamente.
Minha alma está cansada. Ela está cansada do meu corpo, dos meus sentires - a minha alma precisa descansar de mim. Aliás, eu preciso descansar de mim.
Algum tempo... Tempo suficiente, no qual eu aprenderia como lidar com esses detalhes [sórdidos] da vida. Ou, pelo menos, tempo para que eu esquecesse. Para que eu esquecesse a minha tristeza. Para que eu esquecesse que as minhas emoções boas gritam por serem ressuscitadas, e eu simplesmente não consigo fazer nada por elas. Por elas, por mim. Eu não consigo.

"O milagre que eu esperei nunca me aconteceu."

É essa a surpresa que eu estou esperando da vida, o meu milagre. Mas quando a gente espera não é surpresa, quando a gente não tem fé o milagre não acontece.

[...]

Eu quero desistir das ilusões, dos falsos sentimentos. Eu não sinto, preciso parar de fingir que aqui dentro algo ainda funciona. Tudo está morto, ainda está em seu profundo inverno - adormecido. Latente. Talvez fique assim por um tempo, ainda. Talvez fique assim para sempre.

Eu estou lutando para criar esperanças. Luta árdua e ingrata, essa. Não faz o menor sentido.

Esses ciclos de euforia e melancolia, isso não me faz bem. Isso está me destruindo.

[...]


Por que tem horas que viver é difícil por demais?
Era pra ser mais simples.
Simplicidade.
Eis o que eu mais quero e preciso no momento.

E alegria. E que o frio externo acabe, para que o frio interno pare de se intensificar. Ou calor, calor que me esquente internamente - é só o que eu quero.

Mentira. Eu quero muitas, muitas coisas. Surpresas e milagres.

Quero que a água volte, quero a casa arrumada, quero receber meus amigos, quero sair para me divertir...

Não quero só isso. Essas são as minhas expectativas. Querer... eu quero muito mais. Tenho muitos sonhos.

Mas meus sonhos por enquanto são apenas isso - sonhos. Distantes da realidade. Porque me falta coragem. Porque, talvez, não seja necessário que eles aconteçam agora. Talvez porque seja a minha hora de aprender com a "dureza" da vida. Talvez porque, agora, eu realmente tenha que aprender a ser forte...

Mas eu não ando conseguindo isso. Desculpe-me, quem quer que seja responsável pelo andamento da minha existência.

Enfim, algo eu consegui. Escrever. Só assim eu vou me entendendo. Só assim eu consigo fingir que está tudo bem, e que vai ficar tudo bem.


Boas noites. :*