segunda-feira, 25 de julho de 2016

July 25th - um dia muito hoje, como todos os outros

"Tem carinho, tem afeto, tudo isso. Mas não estou envolvido. Não era isso o que você queria?"

Era exatamente isso o que eu queria. É exatamente isso o que eu estou sentindo, também, inclusive.

Mas existe um labirinto entre o que a gente quer (o ponto de chegada) e o que achamos que queremos (o ponto de partida). E nem sei se a gente chega a atravessar o labirinto no fim das contas. Então seria mais apropriado dizer que (por mais que o meu orgulho ainda prefira a primeira versão):

Acho que era isso o que eu queria, acho que é isso o que estou sentindo, também, inclusive. 

Porque, por mais que eu reflita - e eu penso à exaustão todos os sentimentos que batem à minha porta e até os que eu promovo voluntariamente -, nunca tenho certeza de nada, e nunca nada sai como o planejado.

(E eu também estou supondo a ideia inicial, né? Nem dela eu tenho certeza. Ela nunca foi proferida, só lida nas entrelinhas das ações de um passado que já não existe mais para a minha percepção linear do tempo.)

Sei lá o que é que eu tenho que fazer. Se pá eu vou deixar isso tudo pra lá. Já está circunscrito no passado, mesmo. Cada dia é um novo dia, tudo que passou só diz respeito a mim, e pra mim tudo isso morre em cada dia que nasce.

(Mentira?)

sábado, 16 de julho de 2016

Ela

[...]
E o mundo girando
E dançando para nós.
Já sonhei algumas vezes com músicas que eu nunca ouvi. Acontece de o meu cérebro compor músicas durante os seus passeios oníricos - costumam ser canções populares. Me lembrei desses dois últimos versos, cuja melodia me escapa (apesar de saber que o "nós" se esticava numa nota baixa, bem dramática), mas as palavras permaneceram de um jeito muito curioso. Elas tinham uma cadência um tanto melancólica, mas me pareceu uma ideia bela - o mundo girando, inexoravelmente, e esse giro ser um bailar feito apenas para mim e para ela. Gostar deve ter, por uma de suas infinitas definições, a ideia de que o mundo só existe para que se possa estar com a pessoa gostada (e eu não digo "amada" porque 1. é inapropriado para o momento; 2. acho esse sentimento forte demais; 3. acho que meio que já o desconheço).
Pensei em escrever um poema com esses dois versos finais, mas não sei se ainda me resta habilidade para tanto. O primeiro "e" que inicia esse penúltimo verso me desperta uma curiosidade gigantesca de saber o que, afinal de contas, o meu subconsciente estava dizendo a respeito dos sentimentos que ela me provoca - ela, que vem habitando os meus sonhos com alguma frequência, que habita minha vida de forma bela e pontual.
Pensei em escrever um poema para ela, e sabia que, ao mostrá-lo, ela ficaria felicíssima - até porque nós temos uma certeza incerta de que há algo muito indefinível e bonito que nos liga, e que deve nos ligar por algum tempo. Não sabemos dizer, ao certo, por quanto tempo (que eu gostaria que fosse toda essa pequena eternidade do espaço de uma vida) porque nada se afirma com certeza nessa vida estranha. Mas ela evoca em mim um gostar tão desobrigado, tão despreocupado, que deve ser por isso que ela está presente em mim de forma tão sutil e leve. E deve ser por isso que o mundo dança para nós.
A música não tinha título, esse que dei a esse texto, e que seria o título do potencial poema que eu escreveria. Mas eu sabia que a música e o baile e os meus sonhos tinham-na como mote. Ela foi o primeiro pensamento que me ocorreu assim que acordei no dia de hoje - de uma forma curiosa, eu sabia que era ela. E isso não me doer me parece algo suficientemente precioso, porque é bom demais ter sentimentos que não doem de forma alguma.