quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

Quem se importa, afinal?




Dou um doce bem gostoso feito por mim, com todo o amor e carinho, para quem conseguir responder satisfatoriamente a pelo menos metade dos meus questionamentos - algo que me faça sentir alívio na dor de viver. Alguém se habilita?


Beijos.

sábado, 26 de dezembro de 2009

Perdoe-me.




Saturno me encerra em seu lúgubre mistério.
Eu sou aquela que se perdeu
No além e no aquém-dor
- Nem a dor me é certa ou exata,
Nem a minha dor é completa ou compreensível.
[...]
Aos poucos o mundo se torna
Novamente cinzento
Aos meus olhos secos.
Nada mais me comove,
Tudo me faz
Cada vez mais
Glacial.

domingo, 20 de dezembro de 2009

Never again.

I really don't know..
Don't know why, don't know when,
But it changed.
And...
"I'm sure we'll grow, but we'll never bloom again."







Eu realmente não sei o que dizer.
A inutilidade das palavras diante da esterilidade das emoções...
Eu só queria voltar a sentir.
Sentindo, talvez eu pudesse falar...
Como falar sobre algo que não existe?
Como querer dissertar sobre a razão?
A razão não existe, afinal...
E se o sentimento também não existe [em mim],
O que está me mantendo viva?

Meus deuses, como é que eu ainda não morri?

.
.
.

I lost myself on a cool damp night
Gave myself in that misty light
Was hypnotized by a strange delight
Under a lilac tree

I made wine from the lilac tree
Put my heart in its recipe
It makes me see what I want to see
And be what I want to be

When I think more than I want to think
Do things I never should do
I drink much more than I ought to drink
Because it brings me back you

Lilac wine is sweet and heady, like my love
Lilac wine, I feel unsteady, like my love

Listen to me...
I cannot see clearly
Isn't that she coming to me nearly here?

Lilac wine is sweet and heady, where's my love?
Lilac wine I feel unsteady, where's my love?

Listen to me, why is everything so hazy?
Isn't that she, or am I just going crazy, dear?
Lilac wine, I feel unready for my love


- Jeff Buckley, Lilac Wine


.
.
.

Isn't that he, or am I just going crazy, dear?
I'm just going crazy.




• Por quem eu espero? Também não sei.
Espero por alguém...
Que me tire desse deserto.
Que me traga de volta a primavera,
Que me devolva o dom de ser completa.



~

Não adianta esperar por milagres, I know.
Mas sonhar [ah, sonhar!...] nunca deixará de ser válido,
Por mais que os sonhos sejam extremamente abstratos.

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Ou não.

Ando com um medo profundo de falar "eu te amo".
Parece-me tão vão dizer palavras que necessitam de muito para serem pronunciadas... Elas exigem. Exigem sangue, lágrimas, palpitações, calafrios, tremores, cuidado, candura, bondade...
Eu não quero que o mais belo sentimento seja leviano em minhas mãos ou minha boca.

O Amor merece todo o nosso respeito.

•••

Eu finalmente aprendi a arte do "pouco me importo" [porque ainda é estranho dizer 'não me importo'. Eu nunca vou saber fazer isso.]. Na verdade, aprendi a ir atrás do que eu quero, a arrematar questões mal resolvidas e enfim dormir tranquila. Eu ainda tenho que aprender a não permitir que sentires ruins se apoderem de mim, e que os pensamentos circurlares parem de me aborrecer... Mas fiz o suficiente por esses dias. Já empreguei muita energia na arriscada empreitada do "learning how to live lightly". Bem, não que eu esteja muito próxima do estágio pleno. Mas estou caminhando, isso já é alguma coisa. Agir já não me era característico, dei um passo importante.

•••

Na verdade, I'd like only to give you the last goodbye. The last embrace... E foi o que eu fiz. Uma despedida, apenas. Life goes on. Se eu ainda pudesse confiar totalmente nesses seus olhos tão escuros, tão nebulosos... Mas tudo é vão agora. Falar que houve dor é banal. Não há mais o que ser discutido - já discutimos tão longamente, e sem nenhum resultado... Qualquer lamento não fará o menor sentido. Talvez eu até me sinta ridícula, agora, por aludir vagamente àquilo que eu não queria nem que eu mesma soubesse. Anyway. Life goes on, nada mais pode importar. Nada possui tal direito.

•••

E o meu medo de desrespeitar o Amor... E o meu pavor de que ele se revolte completamente contra mim e me faça passar [once again] pela via-crucis do sentimento. Mas o Amor não faz isso, nunca, com ninguém. Sou eu que faço isso comigo mesma. Como aprender a ser menos idiota [sim, é esse o adjetivo, "idiota"] no trato com os meus pensamentos, sensações, ações e sentimentos? Talvez o destino [ou o que quer que tome conta do futuro dos corações sedentos de uma vida cheia de significados belos em gestos simples, poesias, breathtaking landscapes e congêneres] esteja me reservando uma surpresa agradável... Que finalmente me ajude a curar esse buraco que se formou no meu peito - desde quando eu nem sei -, e que se recusa a fechar.

Ou talvez eu precise encontrar sozinha [como essa palavra doi!] o caminho da minha felicidade. É muito comodismo, decerto, esperar que o destino se encarregue de tudo... Eu sei que preciso lutar. Sei de onde tirar forças. Mas não sei o que me impede de fazer com que tudo funcione. Será que tudo depende mesmo de mim? Isso não me parece consolador. Sinto um cansaço profundo ao pensar em tudo isso.

•••

Eu me canso ao ler minhas palavras. Tudo me parece extremamente confuso e vazio ao mesmo tempo [e eu considero mesmo confuso; mas vazio, não]. Por que eu estou fazendo isso? Também não sei. Acho que esqueci que isso aqui não é a minha agenda, que fica guardada na minha mochila, a qual ninguém lê. Acho que estou com vontade de que alguém tente me entender, talvez eu queira ver se encontro alguém solidário à minha causa. Deve haver muitos, mas poucos ao meu redor. Poucos que de fato se importam com o meu drama, inclusive - que é o drama do sentimento humano descontrolado. Será que há muitos com tal problema? Eu aposto que sim.

•••

E deixa pra lá, você que lê, você que entende. Não se preocupe muito. Só o tempo cura totalmente, só a boa vontade traz verdadeira sabedoria. Palavras de consolo são um lenitivo quase sempre bem vindo... Mas entenda, e eu entendo: não há nada de muito prático a ser feito. Mas... Ter para com o outro um gesto imbuído do mais extremado grau de Amor: isso pode ajudar. Qualquer um, sempre.


•••





domingo, 6 de dezembro de 2009

"Fall into you.."

..is all I ever do.
Don't give up on a dream...


• E eu estou tentando desistir. Arduamente. Eu tento, mas não consigo desistir. Eu não sei desistir.
E o que mais você quer que eu diga?
Mais do que pedir desesperadamente que você se lembre de mim...
Mais do que pedir que você queira me ver, me encontrar...
E deve ser isso que o impede de.. de..
[Falta-me coragem.]
[Falta-me tantas outras coisas mais...]
[Falta-me, simplesmente.]
[Inclusive o amor próprio.. este anda faltando demais.]

Eu.. eu não sei. Não sei de nada.
Eu já abri essa página inúmeras para tentar escrever qualquer coisa que me ajudaria a crer que eu ainda consigo me traduzir em palavras,
Mas eu nem sei mais, e nem precisei desistir disso. As palavras simplesmente me fugiram, sem alarde.
Logo agora que eu descobri...
... que eu sou eu no reino das palavras...


Vem sentar-te comigo Lídia, à beira do rio.
Sossegadamente fitemos o seu curso e aprendamos
Que a vida passa, e não estamos de mãos enlaçadas.
(Enlacemos as mãos.)

Depois pensemos, crianças adultas, que a vida
Passa e não fica, nada deixa e nunca regressa,
Vai para um mar muito longe, para ao pé do Fado,
Mais longe que os deuses.

Desenlacemos as mãos, porque não vale a pena cansarmo-nos.
Quer gozemos, quer não gozemos, passamos como o rio.
Mais vale saber passar silenciosamente
E sem desassosegos grandes.

Sem amores, nem ódios, nem paixões que levantam a voz,
Nem invejas que dão movimento demais aos olhos,
Nem cuidados, porque se os tivesse o rio sempre correria,
E sempre iria ter ao mar.

Amemo-nos tranquilamente, pensando que podiamos,
Se quiséssemos, trocar beijos e abraços e carícias,
Mas que mais vale estarmos sentados ao pé um do outro
Ouvindo correr o rio e vendo-o.

Colhamos flores, pega tu nelas e deixa-as
No colo, e que o seu perfume suavize o momento -
Este momento em que sossegadamente não cremos em nada,
Pagãos inocentes da decadência.

Ao menos, se for sombra antes, lembrar-te-ás de mim depois
Sem que a minha lembrança te arda ou te fira ou te mova,
Porque nunca enlaçamos as mãos, nem nos beijamos
Nem fomos mais do que crianças.

E se antes do que eu levares o óbolo ao barqueiro sombrio,
Eu nada terei que sofrer ao lembrar-me de ti.
Ser-me-ás suave à memória lembrando-te assim - à beira-rio,
Pagã triste e com flores no regaço.



E eu pego de Ricardo Reis a suavidade sem paixão de que eu tanto preciso... Porque a paixão machuca. Se eu não sei ser assim, deixa que ele seja para mim... A poesia me é caridosa. Ela me faz pensar que eu também posso viver alheia às dores do pensar e do sentir.

"Ah! Como dói assim viver, sentindo
Asas nos ombros e grilhões nos pulsos!
"
O. Bilac


Eu... Eu não sei o que eu não quero. Só quero que não doa mais.
Eu vou aguentar os paradoxos, as contradições,
Eu vou aguentar o não entender, o jamais compreender,
Mas...
Eu só não quero que doa.



~


E eu vou sorrir por aí, vou me divertir, fingir que não há nenhuma mágoa aqui dentro. E eu estarei sendo sincera... Porque eu sei que conseguirei esquecer as mágoas, mesmo que temporariamente.
Mas quando a noite chegar, madrugada alta... Sei que vou perder o sono, e os pensamentos e as lembranças vão me dominar, e eu arquitetarei mil planos para reencontrar a alegria completa, mas a manhã me trará de volta à lucidez e nenhum plano será posto em prática. E o meu dia será o mesmo, alternando consciência conformada e inconsciência revoltada/triste.
Como me cansa ser tão previsível.


Se tu viesses ver-me hoje à tardinha,
A essa hora dos mágicos cansaços,
Quando a noite de manso se avizinha,
E me prendesses toda nos teus braços…

Quando me lembra: esse sabor que tinha
A tua boca… o eco dos teus passos…
O teu riso de fonte… os teus abraços…
Os teus beijos… a tua mão na minha…

Se tu viesses quando, linda e louca,
Traça as linhas dulcíssimas dum beijo
E é de seda vermelha e canta e ri

E é como um cravo ao sol a minha boca…
Quando os olhos se me cerram de desejo…
E os meus braços se estendem para ti…

Florbela Espanca



• A Flor me ajuda a finalizar. Depois dela, nada mais precisa ser dito [por enquanto].







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