quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Diário pessoal modificado do dia 24 de janeiro de 2010.

[Today my name is frustration.]

- Gosto da honestidade que machuca. Ela é o que nos impele à mudança. Depois dela, não há estabilidade confortável, não há desejo de que tudo permaneça como está. Não tem mais jeito, afinal.
(E a vida é cheia de matizes, e eu sou jovem demais para dizer verdades cheias de certeza - ainda bem.)
- E eu desisti de confiar ao destino que me traga um lenitivo para essa absurda dor de viver que eu possuo. Não vale a pena esperar... Mas, desistindo, também não há nada diferente que eu possa fazer... A não ser que...
Eu tente, de novo, o esquecimento.
O abandono, absoluto, de tudo o que concerne ao sentir - com ares de continuidade, na verdade. Porque desde a primeira vez em que eu usei o esquecimento para amenizar minha vida, nada de muito substancial aconteceu - apenas traumas secundários, dorezinhas tolas.
(Houve quem me acolhesse, e a eles eu sou muito grata; perdoem-me. Agora é a hora do drama.)

{Mas...
Esquecer não é o caminho, na verdade, porque toda lembrança traz um aprendizado. O grande problema da humanidade é esquecer, na verdade. Eu sei que não devo.
E o que fazer com o que nos machuca?
Até aprendermos com a dor, o caminho é longo e penoso.
Deve valer a pena, em função disso.

-Nota do dia 28/01}

[Toda previsão é inútil. Só a ação pode me dizer algo sobre o meu futuro.
E a sensação de estar perdida... Devia chutá-la para longe. Ela só me atrapalha.
Que engraçado, me sinto mais confiante, apesar de frustrada e aborrecida.

-Nota do dia 28/01]

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Percepções aleatórias...

- Hermética.
Ah, a minha alma, o meu coração hermético!
E a vastidão da paisagem verde solitária que se estende à minha frente,
Tão calma, tão incólume...
Tão cheia de alma, tão sem culpa,
Tão cheia de significado, tão inconsciente de existir [será?]...
E o céu azul-paz em cima de mim,
E o vento que me fustiga delicadamente,
E toda essa natureza, toda essa bondade
Que não tem coragem de me machucar...

E as pessoas, às vezes tão cruéis, às vezes tão naturais...
E eu tão aberta - antes;
E eu tão hermética - agora!
E eu com tanto medo, sempre...
E a minha vontade de me abandonar no seio de bondade da Natureza...
E eu não tenho sensação de fracasso ao permitir que a Natureza me cure...
Onde? Como? Quando?
Ah!... E quando? Quando?
Ah, a minha cura! Quando?...

E a minha exaltação tão discrepante em relação à Natureza,
E a minha falta de paz e calma,
Quando a calma do verde me abraça
E a paz do azul vela por mim...
Porque aqui dentro
Tudo é tempestade azul-marinho e cinza frio.
Aqui dentro está tudo tão caótico,
E eu preciso tanto de limpidez e calma...
Aqui dentro tudo chora e chove,
E o céu está tão claro...

Eu acho que só preciso de carinho e bondade.
Só, nada mais do que isso...
E eu acho que nem quero mais a honestidade que machuca...
Deixa eu me contradizer depois,
Agora, apenas acredite no que eu digo.

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28/10: É isso o que eu sentia há alguns dias. Certas sensações se dissiparam, mas há ainda alguns incômodos aqui dentro. Ainda há pedaços em mim que são tempestade... Mas eu sinto algum tipo de calma. Não me sinto tão acuada, tão covarde - apesar dos meus arredores. Eu não me entendo. Acho que eu estou ficando um pouco louca, às vezes eu vou criando coragem à medida que o terreno se torna mais inóspito. Eu só não me sinto mais insana porque, de uma forma ou de outra, eu não estou sozinha, e é essa minha companhia que me salva da loucura total.

[...]



E tudo isso que me incomoda não deveria me importar tanto,
E eu estou aprendendo, ainda, a não me importar.
Quer saber?
A vida NÃO é injusta.
E olha, para eu perceber isso demorou bastante.
Mas acho que essa percepção vai me ajudar a fazer com que as coisas deem certo. Enfim.

Beijos.

sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

E eu gostava tanto de você...


Um dia colhi uma flor amarela no muro pichado, e te ofereci entre os seus protestos constrangidos...
Fizemos listas de coisas estranhas para fazermos, e eu ria largamente da nossa inocência...
Comprei um livro para te mostrar que as ideias são muito maiores do que as nossas convicções...
Discutimos por horas sobre o passado, o presente e o futuro, com a crença de que a vida só tinha valido a pena porque nos havíamos conhecido...
Confessei que, com você, moraria até em uma caixa de papelão...
E por você eu sorria e chorava, eu gritava e calava, e sempre nas horas erradas, porque estar apaixonado geralmente traz um grau de insanidade...
Andava pelas ruas procurando por você, e quando meus olhos míopes percebiam algum movimento ou forma familiar, o coração disparava e as mãos tremiam - mesmo se eu estivesse enganada...
E eu via seu rosto nas nuvens, e ouvia sua voz nas músicas, e todo toque macio parecia-me o toque das suas mãos, mas nenhum doce comparava-se ao sabor dos seus lábios...
E eu fugia, e me arriscava, e aceitava qualquer condição para ter você mais tempo perto de mim - e nunca o tempo que tínhamos parecia satisfatório...
E nós trocávamos livros, músicas, filmes, histórias, problemas, soluções... E compartilhávamos tristezas e sonhos, opiniões e ideais... Divergíamos, e nas nossas diferenças encontrávamos aquilo que nos completava...
E a cidade cinzenta e feia nunca havia sido tão romântica, naquele dia chuvoso em que silenciosamente caminhávamos, em uma contemplação de tudo e de nós mesmos...
E eu vivia com um sorriso bobo quando ouvia você falar de coisas sérias, e eu ria de uma maneira tola quando você falava de coisas engraçadas... E sempre me achava mais idiota do que o aceitável, mas se você me aceitava nada mais importava...
E tudo tomava proporções gigantes, e viver era intenso e colorido, e todas as cores pareciam vibrar, e os sons belos ficavam nítidos, e as cacofonias tornavam-se inaudíveis...
Era leve respirar. Não havia fardo que não pudesse ser carregado.

Ah! Eu gostava tanto de você!...

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

Sabotagem!

E o dia é cansativo, chuvoso, escuro e quente.
E o que esperar de amanhã?
E o que fazer do hoje?
[...]
"Looking out the door I see the rain fall upon the funeral mourners..."
E a minha vida terminará por ser a mesma coisa, sempre.
Porque eu... eu não aprendi a fazê-la ser diferente.
"Too young to hold on, and too old to just break free and run..."
E essa música sempre me diz, profundamente, algo que eu já tentei, de maneira frustrada, explicar.
Acho que eu não quero tentar, mais nada.
Deixa que a música pode me consolar da vida que eu imagino, mas que não existe para mim.
[...]
"Maybe I'm just too young to keep good love from going wrong..."
Mas então eu começo a acreditar que não é, mesmo, culpa minha.
E então eu começo a realmente acreditar no lado ruim das coisas,
Porque o lado bom já deixou de fazer efeito há algum tempo.
E não precisa ninguém entender, ninguém saber.
Eu só preciso conversar, um pouco, comigo mesma.
Uma maneira semi-autista de me entender.
Pelo menos eu não estou irritada,
Não muito.
Pelo menos eu não estou triste
- Nem um pouco.
Eu só estou um tanto quanto entediada.
Tédio. Isso, definitivamente, não é bom.
Mau sinal - de maus tempos.
[...]
E para tudo o que eu deixei de ter, o meu lamento.
E para tudo o que eu posso vir a ter, a minha esperança.
E para tudo aquilo que eu conquistei, a minha gratidão aos deuses.
E para tudo aquilo que eu negligenciei, o meu remorso.
[...]
Remorso. Arrependimento.
Há pessoas que adoram dizer que não sentem isso.
Eu sinto, e não tenho nem um pouco de vergonha de admitir.
Mas eu só me arrependo daquilo que eu não vivi, que deixei de viver...
De restante, tudo valeu a pena.
Tudo vale a pena, afinal...
Eu sei que a minha alma não é pequena,
Apesar de tudo.
[...]
Será que eu estou fazendo tudo errado, e por isso as coisas estão dando errado?
Mas que droga!
Quem mandou ser tão insatisfeita com tudo?
Quem mandou ser tão absolutamente errada?
Quem mandou ser tão.. tão..
Ou tão pouco...
Ai, os meus excessos, constantes e destrutivos.
(Modo dramático ativado.)
O que é da vida, senão um drama?
Ou uma tragicomédia...
Pelo menos não é uma tragédia completa, graças àqueles que me protegem.
E nem uma comédia completa, porque eu não teria bom humor o suficiente para isso.
[...]
"Bom, não sei, não sei de nada."
E essa frase talvez não devesse ser tão verdadeira em contextos mais restritos.
Mas eu não sei, mesmo, nunca, sobre nada.
Aiaiaiaiai. Que drama. Mas é que eu sou assim mesmo...
[...]
Mas descobri que o medo me prende quase sempre.
(Para não dizer que é sempre.)
E vivo descobrindo coisas e as esquecendo.
E vivo aprendendo coisas e as desaprendendo.
E sempre estou sobrevivendo, achando que estou vivendo.
Isso não me parece nada correto.


[...]

E no final das contas, tudo é só uma desculpa.
(Entenda como preferir.)

sábado, 2 de janeiro de 2010

Lover, you should've come over.







O dia é de chuva fina, cinzenta, incessante. A janela embaçada, com gotas em cascata... Não me impediram de ver um vulto. Parado, fixo, cabelos despenteados... E a minha impressão de estar sendo observada. Sobressalto do coração, as mãos suam frio repentinamente...

***

Pouco me importa a chuva que me enregela ossos e alma... E os carros indiferentes, e os olhares curiosos, e esta janela fechada, impiedosa, que não me deixa saber se meu olhar foi forte o suficiente para fazê-la entender que vim buscá-la, e que não voltarei para casa - a nossa casa - sem ela. Pouco me importa; inclusive o meu maldito orgulho. Ela saberá, ela sentirá que estou aqui.

***

Um calafrio estranho me percorre a espinha dorsal, arrepia-me a nuca. Escapa-me uma lágrima inexplicável. Há algum tempo não choro... Não adianta chorar se todas as esperanças são vãs. O vulto estranhamente familiar me assusta e instiga, me oprime e me agita. Mas não pode ser ele. Ele jamais viria, ele não sabe amar.


***

Sei que ela hesitará por longos momentos, minutos ou horas. Sei que talvez não haja perdão para o meu crime e a nossa culpa. Mas o pecado pode ser imenso - o amor há de sobrepujá-lo. E será que nela ainda há amor? Sei que demorei a entender... Mas agora que tudo se me tornou mais claro, não posso deixá-la escapar. Ainda que eu espere exaustivamente nesta esquina gelada... Farei-a voltar, e enfim poderei dizer tudo o que a minha imaturidade me bloqueava.

***

Há um impulso qualquer que me arrasta involuntariamente os pés em direção à janela. É como se meu inconsciente estivesse a atender um chamado... Mas temo deixar-me levar. Ações e impulsos entram em conflito, fico paralisada - de medo. Medo de que certos sentimentos resolvam gritar pelo direito de serem levados em conta... A verdade é que não sei o que fazer. Um impasse, tão profundo e tão banal. Há alguma lógica nisso tudo?

***

Percebo uma movimentação suave. Ela deve estar caminhando fatigada, buscando o cobertor, ou indo em direção à mesa do computador... Ou já percebeu a minha presença, e está suficientemente transtornada para não conseguir chegar à janela. Compreensível. Esperarei, afinal. Mesmo que a noite venha tornar ainda mais dramático esse chuvoso fim de tarde... Ainda que caia a madrugada, e mesmo que o sol brilhe ou que amanheça chovendo. Eu esperarei.

***

Parece-me que a chuva reclama por entrar em minha casa - a sensação é que de mais alguém quer me invadir, além desse vulto que já me é desesperador. Não sei se a minha inquietação me permitirá ficar imóvel por muito mais tempo... A chuva quer entrar. Eu quero sentir a chuva e o mistério que ela guarda lá fora. Por que esperar mais? Para quê buscar lógica, para quê temer? Acho que não há mais nada, mesmo, que eu possa perder. E esses sentimentos revoltosos... Que despertem, afinal. Eles seriam mais fortes do que eu, hora ou outra. E que seja ele, afinal. Há algo que não findou entre nós, apesar de todos os absurdos que nos impediram de fazer com que os nossos sentimentos fossem plenos.

***

Ela está vindo, ela finalmente abrirá essa maldita janela, concreta e surreal, que nos separa. Posso sentir seus passos, firmes e leves, cheios de uma coragem que eu sei que ela possui, apesar de negá-la. Já posso ver suas doces mãos empurrando a pesada e penosa janela... Já posso ver seu rosto sério e incrédulo, abalado e sereno, paradoxo que tanto a caracteriza. Os segundos se arrastam... Quero logo vê-la, e dizer tudo o que me oprime!

***

- Então é você, mesmo.
- Quem mais seria?
- Eu realmente não esperava que você voltasse.
- Eu também não imaginei que faria isso.
- Por que fez, então?
- Não saberia explicar assim, objetivamente. Tal pergunta e a chuva, simultâneas, me atordoam. Você teria a piedade de me deixar subir?
- Suba. Mas, por favor, não espere que tudo tenha voltado ao normal.

***

Passos aflitos conduzem o rapaz trêmulo - de frio, de emoção, de adrenalina. Sobe as escadas com cautela, com certo receio, e com uma vontade inabalável de beijar aqueles lábios macios que o esperam - mesmo que antes tenha que ouvir longas e dolorosas palavras, mesmo que verdades cruéis sejam, antes, trocadas.

***

Gestos trêmulos deixam a moça confusa - pega a toalha, põe a água do chá para esquentar... Ser gentil com aquele que a desprezou? Só faz sentido para quem ainda guarda um certo amor em si. E por que esses tremores? Ela já se havia decidido, afinal. O que tiver que acontecer naquele fatídico fim de tarde chovoso será irrevogável. Deixem, enfim, que se esclareçam todos os erros que os trouxeram até este crucial momento de vida.

***

- Entre, tome esta toalha, sente-se. Só um minuto, o chá está quase pronto.
- Não precisa se preocupar...
- Talvez não precisasse mesmo. Enfim, já volto.

Um longo minuto passa.

- Então, me diz por que voltou - ela diz, tentando parecer indiferente.
- Bom, vou tentar, mas não sei se poderia explicar tudo de maneira objetiva. O fato é que, apesar de todas as loucuras que cometi e de todos os nossos desentendimentos, apesar da certeza que ambos temos de que somos jovens demais para construir um amor estável, eu descobri que não há nada nesse mundo que substitua um sentimento que grita feroz e incessantemente em nosso peito. Sei que a machuquei, pois me foi necessário sair mundo afora e encontrar com mil pessoas para descobrir que, sem você, eu era completamente sozinho. E sei que fui infantil, por exigir que fôssemos tão iguais... Creio ter descoberto que podemos ser diferentes, porém compatíveis. Sei que fiz errado, mas não podemos nos cobrar sermos tão maduros...
- Entende que, até descobrir isso tudo, você me causou um sofrimento inimaginável?
- Entendo, mas só vim porque tinha uma leve certeza de que eu poderia ser perdoado pelo meu crime. Afinal, não errei sozinho.
- Posso ter sido inflexível ou egoísta em certas atitudes. Não deixei de ponderar isso no longo tempo em que você desapareceu. Mas causar sofrimento a quem tanto te quer bem não me parece explicável, de maneira alguma.

Uma pausa - para o remorso dele, para a mágoa dela.

- Essa conversa não te parece séria demais? - ele diz.
- Devíamos ser sérios para tratar de assuntos importantes. Não foi em nome de algo sério que você voltou? Não foi por se considerar imaturo que você soube que errou, e por isso está tentando consertar o erro?
- Me desculpe, mas acho que isso tudo não pode resolver o nosso problema.
- E o que pode resolver, então? - e ela pergunta com irritação.
- Fique comigo, de uma vez por todas. Eu vou te mostrar que posso me redimir dos meus erros, que podemos, juntos, fazer com que valha a pena.
- Não acha que pode dar errado, de novo? Eu já sofri o suficiente. Para mim basta.

E ela disse essa última sentença com a voz meio trêmula - medo de sucumbir. De aceitar aquela proposta irrecusável, pela qual esperou por tanto tempo... e acabar vivendo um novo inferno. Pôs as mãos no rosto, abaixou a cabeça... Não queria olhá-lo. Não queria olhar aqueles olhos verdes, tão profundos e abissais, que convidavam a um eterno mergulho... Não queria olhar aquela boca, de contornos suaves, que proferiam palavras que, apesar de não parecerem confiáveis, exprimiam tudo o que ela queria, tudo em que ela precisava acreditar...

Ele levantou-se da poltrona, ajoelhou-se ao pé dela, segurou-a sutilmente pelos pulsos, afastou-os daquele lindo rosto - que já possuía algumas lágrimas - e a encarou. Olhou-a profundamente, em uma tentativa de convencê-la de que suas palavras não eram vãs. Tentou beijá-la, mas ela afastou o rosto...

- Você não confia em mim?
- Estou tentando, querido. Mas você não entende o que o sofrimento pode fazer com um coração e uma mente.
- Dê-me apenas uma chance. Por favor. Eu te amo.

E aquelas palavras acabaram com todas as possibilidades de resistência. Ele tentou beijá-la de novo, e dessa vez ela não desviou... E ambos sentiram como se a vida se lhes houvesse sido devolvida. Levantaram-se, beijaram-se com o antigo ardor... Estavam trêmulos, de paixão, de amor, de esperança e de medo.

- Então devemos mesmo tentar, não é, querido?
- Sim. E sei que podemos, sei que vamos conseguir. Não há nada maior nem mais importante do que esse laço inexplicável que nos une.
- Por favor, não me deixe mais sofrer pela sua distância...
- Meu coração sempre esteve com você. Agora eu estarei todo com você, para sempre.
- Que assim seja, então. Eu te amo.

***

E não se sabe se foram felizes para sempre, mas no momento em que se reencontraram, sentiram que podiam, mesmo, alcançar juntos a eternidade. Conheceram o que havia de mais profundo para seus sentimentos, souberam o que é ter uma esperança que desse um conforto completo e aparentemente interminável... E este momento, de felicidade real, valeu-lhes por todo o restante de suas vidas.


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Descobri que o "sentimento" humano é temperado por mediocridades cotidianas. Nesse aspecto, meu singelo e despretensioso conto é totalmente insosso - trata-se de uma idealização minha, onde fatores prosaicos não têm muita importância. Tudo é milimetricamente fantasiado para ser o mais ideal e irreal possível. E essa é a sua graça e sua razão de ser concebido. De medíocre, já basta a vida real.
Perdoe-me o drama e o sentimentalismo. Há quem rirá de mim, mas talvez haja quem se identifique. Desde que comova ou traga alegria jocosa, estou satisfeita - qualquer reação negativa não me deve ser revelada. Não quero que os meus bons sonhos sejam motivo de escárnio ou repulsa. Então, por favor, se sentir que tal sensação te dominou ao fim de minhas palavras, não me conte. O que os olhos não leem, o coração não sente.
Mas se a reação é semelhante às que eu já citei dizendo que me satisfariam, por favor me diga. Será uma boa ajuda para que eu continue criando... Para então tentar aperfeiçoar a minha 'arte' incipiente. Isso há de me ser importante para que eu supere as mediocridades da vida.



Beijos.

sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

Nostalgia.

Encontrei esse texto nos meus antigos manuscritos - do ano passado, haha, 2009 -, do dia 1º de maio de 2009, mais especificamente. Não que eu queira reviver esses sentimentos, mas gostei da apresentação do conteúdo. Achei metaforicamente bonito, consegui mergulhar no texto, e lembrar exatamente do que eu sentia... Há tempos eu não consigo escrever dessa maneira. Mas não sei se quero esse tipo de sentimento para voltar a escrever satisfatoriamente. De qualquer forma, é apenas uma lembrança, que já pode ser até engraçada.


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01/05/2009

Eu o vejo tão, tão longe... Ao longo dos anos, com a ajuda da sua imagem, criei a minha floresta negra de sonhos e ilusões. Plantei cada árvore, cada flor, e ela cresceu inimaginavelmente. Muito sombria e muito vasta, diversa, enriquecida pelas mais variadas sensações, pelos mais variados sentimentos.

Um dia você se fez real, tomou-me pelas mãos e me conduziu para dentro da floresta, para o profundo coração da minha criação. Enquanto você esteve comigo, a floresta não me pareceu negra, maligna. Você a fazia brilhar como uma campina banhada pelo sol. Você me fazia acreditar que o que eu havia construído não foi em vão.

Porém, num dia excepcionalmente negro, eu acordei sozinha. Abandonada, com frio, perdida no âmago das minhas ilusões. Você foi embora, levou a luz e o calor, e me deixou presa no labirinto dos meus sentimentos. Tudo se tornou confuso, inútil e amedrontador. Tudo perdeu o sentido, repentinamente. Dominou-me a sensação de fracasso, de rejeição... De tempo perdido, de cuidado ignorado.

Eu ainda estou perdida. E vejo sua sombra, tão distante, alcançando a luz que não transpassa as folhas da densa floresta... Eu ainda estou aqui, e me perdi porque quando você se foi, os sonhos e ilusões viraram desespero e loucura. Tudo mudou de forma - irreconhecível. E tento correr para a luz, mas a lembrança do seu olhar me ata os pés e me derruba no chão. Presa. Fraca. Humilhada. Você se salvou. Eu não sei sair daqui sozinha. Eu não consigo me salvar.

Pensei em implorar para que você voltasse e me resgatasse, ao menos me guiasse para fora dessa prisão que eu mesma construí - em seu nome. Só você poderia me salvar.

Mas há um pequeno, porém essencial, problema.

Você está tão longe, que talvez não pudesse me ouvir, mesmo que eu gritasse com todas as minhas forças. Você está tão longe... E se afasta cada vez mais. Cada vez mais você parece não mais existir. Cada vez mais minha esperança de me salvar torna-se irreal.

"Now the one you once loved is leaving" - Lydia.







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É muito bom sentir como o tempo também passa para apagar as más sensações. Isso renova as minhas esperanças.