terça-feira, 31 de dezembro de 2013

Ressuscitando um passado criativo e sentimental [2]

Quando eu ainda sabia amar profundamente,
e sabia escrever cartas de amor,
e sentia e escrevia sem me sentir ridícula.
Bons tempos.

26/12/2008

Supremo Enleio.

Alguns dias para a sua chegada. Permito-me enlouquecer sob sua guarda; o que mais fazer? Fingir a todo momento que minhas células, meus átomos, cada ínfima e infinitesimal parte de meu ser não está vibrando de maneira totalmente incomum, na insana expectativa da sua chegada? De que adianta eu sucumbir em minha loucura e você simplesmente ignorar as reações que a sua idéia me causa? Não pode ser. Quero que você perceba, veja e sinta a tortura que é saber que, enfim, terei o seu doce abraço enlaçando-me suavemente, como a sombra da noite enlaça o fim da tarde.

Daqui a poucos dias terei o seu lúcido e modesto sorriso a me iluminar. Ah!, você me desagrega em mil fragmentos de sonhos quebrados, quando me faladas dores de seu lindo coração, quando me diz "sabes o que sinto", e eu palpito, tremo e morro por você. Eu morreria por você - não, eu viveria por você. Por você, sou forte, corajosa, verdadeiramente viva - and you don't give a fuck about it. Eu não sei se há pior forma de viver/morrer: frustrada com o maior amor que a minha alma pode conceber.

Enfim, que isso não faça a menor diferença. Eu o amo e, para a minha medíocre vida, ISSO É O QUE IMPORTA. E fim.

[O durante:]


E o depois é tão trágico que esse blog sobreviveu um bom tempo principalmente por causa dele. O depois tem TANTOS textos que eles serão o mote principal do ressuscitamento [?] daqui pra frente, se eu continuar com essa bobeira.

DEUSES, COMO EU SOFRI.

Ressuscitando um passado criativo e sentimental [1]


20/08/2008

Hoje eu vaguei, insone e iludidamente feliz, pela poesia. Um vôo incrível, rasante, há tanto desejado... Era disso que eu precisava, um vôo pleno e puro que fizesse esquecer da terra e seus aborrecimentos concretos.

Mas a dor na coluna e a preocupação com a aula no dia seguinte me cortaram as asas, e eu caí, seca e fria, no duro chão da realidade.

Chorei por lembrar da vida - quis chorar até morrer, até me acabar, sem mais lágrimas e sem mais razões para querer morrer.

Eu quis me fazer a poesia mais melancólica, para ser fechada pesadamente dentro de um livro triste e esquecido. Queria ser o mal ultra-romântico, e não a luz árcade. Mentira; eu não tenho exigências. Só queria ser poesia, só queria ser esquecida.

E é tão vão o querer! Eu quis morrer para o mundo e, plenamente contrariada, alguém me deu asas, me chamou de fênix e mandou que eu renascesse.

Enfim, eu voava mais uma vez, e não mais contemplava: eu era poesia. Não quero ser poeta, não quero ser o criador, quero ser criatura. Eu fui criatura, e voei, por mais que eu não quisesse ser percebida. O esquecimento ficou nas cinzas, e eu renasci livre; neste dia, choveu uma chuva vermelha. Lágrimas de uma paixão que eu libertei. Palavras despencaram do céu, e orquídeas floresceram, cheias de amor e estranheza, nos campos sem esperança.

Eu estou louca e dolorida. A poesia me liberta do mundo, mas não sei quando me tornarei livre dessa dor pulsante e viva que me prende às correntes da contradição e da tristeza - dentro de mim.

Sou poetisa que nasce e renasce com as primaveras. Mas a Tristeza do Infinito que mora nos invernos sempre anda a me assombrar, como uma lembrança maldita de uma aposta perdida. Perdi minhas flores, perdi meus frutos. Uma primavera fria, seca e cinza.

Quando é que eu poderei voltar a florescer?