segunda-feira, 26 de abril de 2021

Some heavy saturndays

 I didn't even use to like myself to a degree in which I found it comfortable to recognize myself before the fucking mirror

(I still don't know if I'm able to cherish myself like the human being I'm faded to be)

oh! the horror of perfection!

I blame you for all of this sorrow that poisons my exhausted mind!

(and all of this exhaustion... it drains the blood out of my poor, poor heart...)

domingo, 11 de abril de 2021

Voltando ao solar Augusto dos Anjos

 Budismo moderno


Tome, Dr., esta tesoura, e... corte

Minha singularíssima pessoa.

Que importa a mim que a bicharia roa

Todo o meu coração, depois da morte?!


Ah! Um urubu pousou na minha sorte!

Também, das diatomáceas da lagoa

A criptógama cápsula se esbroa

Ao contato de bronca destra forte!


Dissolva-se, portanto, minha vida

Igualmente a uma célula caída

Na aberração de um óvulo infecundo;


Mas o agregado abstrato das saudades

Fique batendo nas perpétuas grades

Do último verso que eu fizer no mundo!


ANJOS, Augusto dos. Eu e outras poesias. Obra em domínio público.


O urubu [bom presságio budista, mas mau presságio na linguagem corrente, popular] pousa na sorte do poeta da mesma forma que uma bronca destra forte esbroa a criptógama cápsula que envolve as diatomáceas da lagoa [a bronca destra forte é uma força que desagrega as frágeis proteções do eu - os "pesados golpes do destino", segundo Benjamin] = angústia. O budismo moderno é a consciência dos grandes ciclos cósmicos que, não conseguindo escapar ao veneno da modernidade - a visão crítica -, tinge-se da cor desses venenos: é o sublime embebido de grotesco.

Outra coisa que não pude deixar de ver: os versos são grades que aprisionam o agregado de saudades, aquilo que sobrevive à morte do corpo do poeta.


Referências:

http://www.cchla.ufrn.br/shXVIII/artigos/GT05/Sandra%20S.F.%20Erickson.pdf

http://outros300.blogspot.com/2012/11/o-budismo-moderno-de-augusto-dos-anjos.html