segunda-feira, 26 de agosto de 2019

Olá, boa noite,

Gostaria de comunicar que venho te perscrutando já há algum tempo, incansavelmente, sem conseguir te visualizar de forma definida. Identifico alguns rastros, analiso fragmentos de memória, omito outros, me perco em meio a névoas de confusão e culpa que embaçam as minhas lentes. Trago comigo alguns dos nossos papéis, os papéis de ontem e de hoje, alguns registros digitais, [memórias, memórias, memórias] e o pânico de tentar imaginar os papéis de amanhã.
Que histórias ainda vou contar sobre nós?
O que será que a Mayara do futuro vai pensar sobre as nossas decisões de agora?

Why can't I never leave the past behind?
[Alguns casos são mais ou menos (im)possíveis].
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Existem tantas cicatrizes quanto existem dores para se sofrer.
Algumas levam menos tempo para fechar por completo, fazer a casquinha, sumir a mancha etc
Outras permanecem como feridas abertas por um looongo tempo
Como uma infecção permanente (como essa que eu carrego comigo, como uma tatuagem invisível, desde o dia em que você cravou uma espada no meu peito
Há um bocado de anos atrás).
Tem as que vão ficar abertas pra sempre mesmo,
Mas é importante saber reconhecê-las,
Ainda que olhar pro fundo do abismo seja profundamente doloroso.

domingo, 25 de agosto de 2019

"meu amor, tudo em volta está deserto"

Olho para o lado, e o meu amor também não está lá.
Mayara, tudo em volta está deserto, e você no centro dessa imensidão de nada, tanto por fora quanto por dentro.
Um coração consciente, oco, ciente da ausência interna e do isolamento externo.
Do que é feito aquilo que sobrou de mim, a casca solitária?

segunda-feira, 19 de agosto de 2019

Plato revisited

Conta o mito da caverna de Platão que o sujeito que sai da caverna e denuncia a falsidade das sombras enquanto realidade absoluta - ele, esse sujeito, escolhe voltar. Em vez de desfrutar das delícias de viver em liberdade, ele escolhe voltar para libertar seus pares. E como é recebido em seu regresso?
Existem os que topam o desafio de quebrar suas próprias correntes em busca da liberdade - mas esses são a minoria. A maioria o acusa de TUDO: charlatão, místico, imaturo, irresponsável, feminista, comunista... mas, principalmente: louco, lunático, insano.
Quanto tempo esse sujeito vai dedicar à conquista daqueles que condenam o motor mesmo de sua possibilidade de ver além: a loucura?
Haverá tempo para desfrutar da dolorosa delícia de viver a partir de meios próprios - ou seja, a liberdade?
A grande chave da questão: depois de ver o mundo fora da caverna, não há mais como acreditar que as sombras são o real.