quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Cansaço.

Anoiteceu. Eu não vi, não sei, não quero.
Procuro, mas não sei se devia querer a lua.
Não há lua, apenas estrelas difusas aos meus olhos míopes.
Preguiça de pegar o óculos, preguiça de viver, de respirar.
Que raiva de estar assim, que culpa por não ser melhor.
Parece que tem uma tempestade aqui dentro,
Uma tempestade de navalhas a me dilacerar corpo, alma e pensamento.
Tudo doi, incomoda, irrita, enerva.
Os olhos estão pesados e vidrados na inútil tela do computador.
Sinto um cansaço de não querer dormir,
Porque nem sempre dormir significa descansar.
Gritei, muito, com quem não merecia.
Chorei, demais, sem saber exatamente o porquê.
Isso parece qualquer coisa hormonal,
Mas eu não estou com muita paciência para me desvendar.
Eu devia ler ou me dedicar mais aos objetivos prementes.
Eu devia esquecer, esquecer, esquecer,
Mas parece que, involuntariamente, eu me lanço
A todas as fontes possíveis e impossíveis de lembrança.
Isso me mortifica, me exaure de minhas forças.
Sinto-me mal de um jeito que ultrapassa os limites do suportável,
E não sei exatamente o que fazer para acabar com isso.
Não sei se a música me acalma ou me destroi ainda mais.
Tenho vontade de algo que não sei o que é...
Quero, muito, sumir.
Sumir, completamente, evaporar, desaparecer, fugir,
Ir para algum lugar bem lindo e silencioso e vazio,
E então tentar me curar.








O que há em mim é sobretudo cansaço —
Não disto nem daquilo,
Nem sequer de tudo ou de nada:
Cansaço assim mesmo, ele mesmo,
Cansaço.

A sutileza das sensações inúteis,
As paixões violentas por coisa nenhuma,
Os amores intensos por o suposto em alguém,
Essas coisas todas —
Essas e o que falta nelas eternamente —;
Tudo isso faz um cansaço,
Este cansaço,
Cansaço.

Há sem dúvida quem ame o infinito,
Há sem dúvida quem deseje o impossível,
Há sem dúvida quem não queira nada —
Três tipos de idealistas, e eu nenhum deles:
Porque eu amo infinitamente o finito,
Porque eu desejo impossivelmente o possível,
Porque quero tudo, ou um pouco mais, se puder ser,
Ou até se não puder ser...

E o resultado?
Para eles a vida vivida ou sonhada,
Para eles o sonho sonhado ou vivido,
Para eles a média entre tudo e nada, isto é, isto...
Para mim só um grande, um profundo,
E, ah com que felicidade infecundo, cansaço,
Um supremíssimo cansaço,
Íssimo, íssimo, íssimo,
Cansaço...

Álvaro de Campos, meu histérico atormentado favorito.

domingo, 15 de novembro de 2009

Grace;




















Eu queria escrever inspirada pelo Jeff, mas não consigo chegar a um milésimo dos sentimentos que ele descreve, então não vale muito a pena eu me manifestar. Qualquer dia até devo tentar... qualquer dia.

Deixe que ele fale por si.




This is our last goodbye

I hate to feel the love between us die

But it's over

Just hear this and then i'll go

You gave me more to live for

More than you'll ever know


This is our last embrace

Must I dream and always see your face
Why can't we overcome this wall
Well, maybe it's just because i didn't know you at all


Kiss me, please kiss me

But kiss me out of desire, babe, and not consolation

You know it makes me so angry 'cause i know that in time

I'll only make you cry, this is our last goodbye


Did you say 'no, this can't happen to me,'

And did you rush to the phone to call

Was there a voice unkind in the back of your mind
Saying maybe you didn't know him at all
You didn't know him at all, oh, you didn't know


Well, the bells out in the church tower chime

Burning clues into this heart of mine

Thinking so hard on her soft eyes and the memories
Offer signs that it's over... it's over.

Last Goodbye - Jeff Buckley

sábado, 14 de novembro de 2009

To forget/forgive.

É uma sensação muito esquisita, posso dizer.
Uma tragi-comédia. Engraçado, encontrei um termo para descrevê-la...
É que uma comédia e uma tristeza brincam aqui dentro
- Pelo menos não é só tristeza.
A graça disso tudo é ver como as pessoas conseguem ser levianas com o sentimento mais puro e bonito que pode existir. E como as pessoas são previsíveis, reativas, orgulhosas... e como agem de maneira tão parecida.
Acho que eu fui suficientemente explícita.
A tragédia...
É que, novamente, está doendo, e eu prometi pra mim mesma que não permitiria mais que doesse esse tanto.
Mas eu me entreguei, não é mesmo? Agora eu suportarei as consequências.
É que eu realmente não esperava ter que estar sozinha, novamente, numa tão árdua empreitada -
Esquecer.

Perdoar? Eu já aprendi a perdoar. Graças a Deus, eu me considero compreensiva o bastante.
Esquecer que é um tantinho mais complicado. Mas eu já esqueci uma vez, já tenho experiência - não será tão doloroso quanto antes...
Mas ainda sim, tem bastante dor.

Eu ia me isentar da culpa disso tudo, mas não faz o menor sentido. Eu também tenho culpa.
.
.
.

Acho que é só isso.
Beijos.