sexta-feira, 2 de junho de 2017

A quarta Rainha

[02 de junho]

Aprecio imensamente o silêncio.
O exterior caótico faz da minha mente algo ainda mais perturbado do que o normal.
(Gostaria de compreender de onde, exatamente, veio essa perturbação “normal”.)
Em silêncio eu escuto os carros passando na rua de trás, escuto os cães que latem pela vizinhança
Escuto os meus pensamentos, o meu coração batendo, quase como se quisesse fugir,
O chiado dos meus tristes pulmões asmáticos e tabagistas.

Uns dias aí para trás, deixei escrito no aplicativo de notas do celular:
“Perdoar-se é o primeiro passo para perdoar.
Dentro de uma [...]”
(No dia 31 de maio, esse mês interminável.)

Estava no ápice de um momento de ansiedade profunda e descontrolada.
Não continuei a escrever, mas ia dizer da questão do perdão dentro dessa tosca moralidade cristã.
Não sei exatamente em que estava pensando,
Mas o fato é que rondava pela minha mente uma imensa sensação de culpa
E, já que eu não conseguia desarticulá-la de forma racional
(Como me ensinaram uma vez),
Provavelmente eu queria combater a culpa com o perdão
(Dentro dessa tosca moralidade cristã).

Em alguns dias o sol finalmente despontou no céu,
O que me nutriu de luz e da lembrança de alguma alegria.
Mas as nuvens internas estão em trovoada,
Jorrando tempestades geladas,
Não me deixando me abrigar em mim.

Silenciar me faz isso, isso de ter condições de traduzir os sons internos, isso de querer me curar fazendo essa tradução. Se não for efetivo por completo, talvez ofereça um breve alívio.
(Os cigarros estão proibidos. Mandar mensagens também. É necessário estar saudável e em paz, pelo menos por alguns momentos.)

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