segunda-feira, 17 de novembro de 2014

Othello juizforano (em que Cássio foi rei)

Um dia eu amei tão tão tão intensamente que, quando me deram a chance de possuir o que eu amava, eu simplesmente não quis. 

Eu queria aquele amar sofrido, de longe, difícil, em que cada dia guardava uma expectativa de talvez, quem sabe?, eu pudesse encontrá-lo pelos corredores da prisão escolar. 

Acho que foi quando eu mais amei. Morram de inveja todos vocês que eu nunca amei. O rei não foi nenhum de vocês. 


Curiosamente, ele tinha o nome do mais desassossegado dos seres. 

Hoje eu não faço nem ideia de onde o meu amado do passado esteja. Com ele se perdeu a minha chave do mistério de amar profundamente e sem vontade de casar. 

Claro que eu amei de novo. Mas só duas vezes. E, ao mesmo tempo que eu quero muito sentir isso de novo, tenho pânico de que isso aconteça. 

Mas bater o olho em alguém e, a partir daquele momento, sentir que não dá pra viver no mundo se o outro não existir, isso deve ser coisa coisa linda de se sentir mais uma vez. 

Não deve mais haver pureza de sentir pra mim, que não tenho 12 anos mais. 

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