segunda-feira, 3 de julho de 2023

croniquinha lírico-existencial-espiritual

desde que entendi a força do som reverberando no espaço, me tornei muito mais sensível a ele - ou consciente da minha sensibilidade sensorial. 

o reino dos pensamentos é um refúgio caótico para quem está permanentemente tentando coligir os relances em um todo coerente: às vezes nada faz sentido, mesmo. e está tudo bem. é importante apenas sentir, mas quando o sentimento só faz doer, não resta nada além de correr pra dentro, onde só há pensamentos.

(pra dentro: a antessala dos pensamentos. é caótica, mas é refúgio. o abismo que ainda há, por trás, é bem fundo...)

(agora que eu já desenvolvi um sistema de pensamento robusto, parece mais fácil me permitir abrir mão dele às vezes...)

o piano sombrio invadindo a tarde me paralisou de forma encantatória. a força do som reverberando no espaço de forma maviosa é meditação para todas as células do meu corpo.

me lembrei de Gurov e Ana Siergueiévna, minhas companhias de um ansioso domingo à noite. também Gurov esperou, ao som do piano, aflito, por uma resposta cósmica.

tentar entender o cosmos é um erro de principiante. refugiar-me nos pensamentos é minha insubmissão, mas às vezes o salto de fé é a única coisa a ser feita. curvar-me não é coisa de que eu goste (alô ⚸♑, ♄♒), mas eu me rendo a você, Grande Mistério.


(veja, no entanto, que eu comecei declarando ser a partir do entendimento que eu posso, então, liberar a sensibilidade. Grande Mistério, eu estou cansada de todos esses pensamentos...)

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