domingo, 8 de maio de 2022

de novo, um regresso ao solar

nomes então enigmáticos começaram a me contar
uma história que, não sendo só minha, não deixa de sê-lo
tão sentidamente
- arriscando o tropeço na sentimentalidade espúria.

"solar (ou palacete), casa de origem de uma família nobre".
herança maldita de uma nobreza fajuta,
palavra pervertida:
solar é o sol, 
deus dos mais imediatos,
verdadeiramente generoso
em seu natural esplendor.

o solar de minha nobre família
tinha seu tom celestial,
cobrindo um referente sombrio:
Augusto dos Anjos.

"Vês! Ninguém assistiu ao formidável
Enterro de sua última quimera."
etc, etc.

do último prédio da rua sem saída
(umbigo do meu mundo),
seguindo em linha reta,
outras ideias:

"A praça! A praça é do povo
Como o céu é do condor"

"Não sou alegre nem sou triste:
sou poeta."

"O tempo é a minha matéria, o tempo presente, os homens presentes,
a vida presente."

claros enigmas sobre os quais venho me desdobrando
desde minhas remotas eras pessoais
até agora, e em frente, e além
- até quando?




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