segunda-feira, 25 de maio de 2015

A paleta Pantone da realidade

Fico tentando mensurar que tipo de reação mental me faz enxergar o mundo com as cores mais lindas do que qualquer paleta Pantone.

Simplesmente porque tem alguma coisa dentro de mim que não aceita a explicação banal - não pode ser isso. Não pode ser tão simples.

O sentimento é extremamente, extremameeeeeeeente contraditório. Eu não consigo resolvê-lo. Eu não consigo pensar sentindo. Eu ainda não conectei essas duas pontas.

Veja só, eu andei loucamente às 9h da manhã de uma segunda-feira. There's something really wrong with me. Or really right. É isso que eu não sei dizer.

Vontade de comprar broa de fubá e café e distribuir pras pessoas, porque isso é o símbolo máximo da felicidade - broa com café.

Vontade de beijar as paredes, porque até elas são feitas de poeira estelar.

Vontade de dominar a técnica de todas as modalidades de arte pra expressar essa coisa boa que está aqui dentro de todas as formas possíveis e imagináveis.

O azul do céu me faz chorar. Claro que eu entendo isso. Não tem como não entender.

É a mesma sensação - a bruma da manhã ensolarada me faz querer gritar de euforia. A alegria tem uns tons muito vibrantes de insanidade.

Obrigada, Deus, por ter a oportunidade de enxergar a vida, ainda que por alguns instantes, completamente despida da banalidade que a rotina traz.

Eu fui parar na praça do São Mateus, e a minha vontade antiga de morar em um daqueles prediozinhos lindos veio com toda a força. Pena que a fama da praça é tão ruim. Aqueles prédios são absolutamente simbólicos - que nem broa com café. Aquelas varandinhas são felicidade em estado bruto. Eu quero uma vida simples, sem privações, de olhar as manhãs claras e ensolaradas pela varandinha do meu apartamento. Ou no quintal da minha casa - porque, afinal, vizinhos podem ser uma coisa extremamente desagradável em termos de convivência.

Essa janela com as cortinas roxas. Apenas.
[...]

Alegria e felicidade são coisas diferentes. E eu sei que eu estou alegre, porque a alegria é pontual, e a felicidade, duradoura. A alegria é quase uma crise eufórica de um transtorno bipolar - e é mais ou menos isso o que eu estou sentindo. Até porque eu sei que já já essa sensação vai se dissolver na banalidade do cotidiano; mas eu já estou suficientemente satisfeita por ter tido o direito e o privilégio de sentir algo tão intenso. Sentir vontade de beijar as paredes sem me sentir absurda e ridícula é algo que one should try.

[...]

E ainda tem a relação entre felicidade e bondade - a minha teoria é a seguinte: só existe tanta maldade no mundo porque as pessoas são infelizes. Não tem como você estar feliz e não querer ser bom para os outros, porque a felicidade é uma coisa que extrapola o universo particular, ela se expande infinitamente - e a gente a expressa dentro das nossas possibilidades e limitações. E eu acho que felicidade e bondade não são conceitos ligados intrinsecamente, mas existe uma relação muito forte entre elas, que eu ainda não consigo desvendar em função das minhas limitações mentais.

[...]

I feel so freaking alive.

(Mas pra te eximir de qualquer responsabilidade, termino esse relato dizendo que isso tudo aqui sou eu, inteira e absolutamente. Isso aqui é tudo o que eu sinto e que está dentro de mim. E por mais que isso seja um efeito, não é um efeito só seu.)

Eu tenho que parar de ser tão sincera.

A câmera do meu celular faz essas variações de iluminação - e esse vão é geometricamente lindo. E acusticamente complicado.

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