[Today my name is frustration.]
- Gosto da honestidade que machuca. Ela é o que nos impele à mudança. Depois dela, não há estabilidade confortável, não há desejo de que tudo permaneça como está. Não tem mais jeito, afinal.
(E a vida é cheia de matizes, e eu sou jovem demais para dizer verdades cheias de certeza - ainda bem.)
- E eu desisti de confiar ao destino que me traga um lenitivo para essa absurda dor de viver que eu possuo. Não vale a pena esperar... Mas, desistindo, também não há nada diferente que eu possa fazer... A não ser que...
Eu tente, de novo, o esquecimento.
O abandono, absoluto, de tudo o que concerne ao sentir - com ares de continuidade, na verdade. Porque desde a primeira vez em que eu usei o esquecimento para amenizar minha vida, nada de muito substancial aconteceu - apenas traumas secundários, dorezinhas tolas.
(Houve quem me acolhesse, e a eles eu sou muito grata; perdoem-me. Agora é a hora do drama.)
{Mas...
Esquecer não é o caminho, na verdade, porque toda lembrança traz um aprendizado. O grande problema da humanidade é esquecer, na verdade. Eu sei que não devo.
E o que fazer com o que nos machuca?
Até aprendermos com a dor, o caminho é longo e penoso.
Deve valer a pena, em função disso.
-Nota do dia 28/01}
[Toda previsão é inútil. Só a ação pode me dizer algo sobre o meu futuro.
E a sensação de estar perdida... Devia chutá-la para longe. Ela só me atrapalha.
Que engraçado, me sinto mais confiante, apesar de frustrada e aborrecida.
-Nota do dia 28/01]
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Percepções aleatórias...
- Hermética.
Ah, a minha alma, o meu coração hermético!
E a vastidão da paisagem verde solitária que se estende à minha frente,
Tão calma, tão incólume...
Tão cheia de alma, tão sem culpa,
Tão cheia de significado, tão inconsciente de existir [será?]...
E o céu azul-paz em cima de mim,
E o vento que me fustiga delicadamente,
E toda essa natureza, toda essa bondade
Que não tem coragem de me machucar...
E as pessoas, às vezes tão cruéis, às vezes tão naturais...
E eu tão aberta - antes;
E eu tão hermética - agora!
E eu com tanto medo, sempre...
E a minha vontade de me abandonar no seio de bondade da Natureza...
E eu não tenho sensação de fracasso ao permitir que a Natureza me cure...
Onde? Como? Quando?
Ah!... E quando? Quando?
Ah, a minha cura! Quando?...
E a minha exaltação tão discrepante em relação à Natureza,
E a minha falta de paz e calma,
Quando a calma do verde me abraça
E a paz do azul vela por mim...
Porque aqui dentro
Tudo é tempestade azul-marinho e cinza frio.
Aqui dentro está tudo tão caótico,
E eu preciso tanto de limpidez e calma...
Aqui dentro tudo chora e chove,
E o céu está tão claro...
Eu acho que só preciso de carinho e bondade.
Só, nada mais do que isso...
E eu acho que nem quero mais a honestidade que machuca...
Deixa eu me contradizer depois,
Agora, apenas acredite no que eu digo.
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28/10: É isso o que eu sentia há alguns dias. Certas sensações se dissiparam, mas há ainda alguns incômodos aqui dentro. Ainda há pedaços em mim que são tempestade... Mas eu sinto algum tipo de calma. Não me sinto tão acuada, tão covarde - apesar dos meus arredores. Eu não me entendo. Acho que eu estou ficando um pouco louca, às vezes eu vou criando coragem à medida que o terreno se torna mais inóspito. Eu só não me sinto mais insana porque, de uma forma ou de outra, eu não estou sozinha, e é essa minha companhia que me salva da loucura total.
[...]
E tudo isso que me incomoda não deveria me importar tanto,
E eu estou aprendendo, ainda, a não me importar.
Quer saber?
A vida NÃO é injusta.
E olha, para eu perceber isso demorou bastante.
Mas acho que essa percepção vai me ajudar a fazer com que as coisas deem certo. Enfim.
Beijos.