Só por não ter mais nada a dizer, agora tento escrever. Palavras vazias, certamente; palavras um tanto quanto solitárias. São como animais alados, porém inconscientes: voam assim, sem nada querer, sem nada esperar... E sem poderem desfrutar conscientemente desse dom que possuem.
Simplesmente voam. Às vezes alcançam um pequeno fruto, e se alimentam... Encontram algum sentido - instintivo. Às vezes pousam nas mãos de alguém. "Que belas!", esse alguém pode dizer... Encontram alguma serventia. Mas não deixam sua vazia condição primária.
Ah! Por que isso tudo?
Palavras não podem fazer nada. Ações concretas podem. Apenas porque...
Apenas porque as minhas palavras são tolas e não conseguiram fazer com que eu fosse feliz?
Eu te deixei escapar por entre os meus dedos...
[...]
Eu podia ter te amado tanto, meu querido!
E você não quis...
Agora este meu amor é morto.
E renascem em mim outras maneiras de amar...
Talvez eu te ame de novo.
Mas aquele amor puro e completo, que você recusou,
Ninguém jamais terá!
[...]
Brincam em meus sonhos a triste imagem da sua partida; uma dança maligna, que zomba de minha fraqueza. Você... Tão informalmente belo! Voando para longe de minhas mãos, até não sei quando... Desde quando, eu não sei. Há alguns anos você se foi - ou há alguns dias? Horas, talvez? O tempo já não é certo. Nada mais é certo. Quero você em meus braços novamente!
E sou uma criança desalentada, jogada em meio a um quarto escuro. Uma cama desarrumada, roupas para todo o lado. Papéis. Lembranças espalhadas em um mar de lágrimas amargas...
Alguém bateu à porta. Eu não me dei conta de meus gritos, e o susto que isso proporcionava.
"Nádia, Nádia! Você está bem?"
Deixe-me em paz, estranho humano. Nada me é tão benéfico quanto o silêncio de outrem, e a liberdade de exprimir minhas dores da maneira que me convém.
Essa é a minha carta escrita ao nada. Gosto de sentir essas palavras perdidas pulsando nas dores dos meus dedos... E ninguém saberá disso. Ninguém jamais saberá desse meu desabafo, dessa concretização tão perigosa dos anseios aflitos que me apavoram. Que fim levarão esses escritos? Alimentarão o fogo de uma lareira aconchegante? Perderão-se em algum rio distante? Ou ficarão assim, doloridos, tremendo no fundo solitário de uma gaveta esquecida?
Temo que narrem a realidade do meu sentir. Ridiculamente expostos, como um animal de circo: ferido, frágil e envergonhado.
[...]
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E talvez seja apenas uma fraqueza de espírito, uma desolação da alma; algum chamado distante, sonoro e ritmado, que extrai-me a alma e infiltra-se em minha mente – que se alonga e definha, noite afora. Talvez seja apenas a perfeição inalcançável, um mero fruto de minha insônia. Talvez seja apenas a utopia descontrolada fugindo-me do controle. Talvez seja apenas você. Quem sabe. Isso é mais do que o tempo pode resolver e vai além do que a razão pode explicar, enfim.
[...]
Pois, afinal, apenas você destrói os meus instintos e excita minhas dúvidas. Só você desperta os sentimentos e os desejos mais puros e mundanos; só você me remete aos primórdios da dor. Apenas você para incapacitar minha frieza e sobriedade. Apenas você para fazer-me desperdiçar energia, palavras e lágrimas. Ainda me pergunto se vale a pena.
[...]
Quero encontrar a saída; nada mais. Sair correndo, em direção ao nada e deixar para trás os labirintos de seus olhos e a frieza dos seus sentimentos. Abandonar seus sentidos; salvar-me do risco de me afogar em estranhas águas. Esquecer seu rosto. Livrar-me das cicatrizes e dos gritos; estancar as lembranças e fingir que foi tudo uma miragem de meus sonhos.
[...]
Entre todas as tentações e pecados, todos os prazeres e alegrias, és o mais repugnante e irresistível dos males.
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Primeira parte por mysaturndays, segunda parte por http://insomnia08.blogspot.com
Obrigada pela belíssima ajuda, querida tia Chö. (L)²
há. eu que o diga *-*''
ResponderExcluirhonrada estou por dividir um contigo :)
(L)
A Chö não lembra de mim, acredita?
ResponderExcluirFiquei mor triste :~ Masdeboa!
Texto lindo, ambas as partes!
Te amo May!
;*
oh i.i'~
ResponderExcluirUHAHUAA. *se mete na conversa*, não me lembro da dona do blog de cima x.x'~ embora tenha comentado por lá .-.''~
sorry, people, my memory sucks.
te amo, subrinha (L)
O mesmo comentário que fiz a maninha: “deveríeis escrever juntas, um livro. Sublime junção!”
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