domingo, 3 de setembro de 2023

do domingo passado

um poema

sobre o desejo de tê-lo
aninhado nos meus braços pensos,
indolentes, ou cruzados ao peito,
ou trazidos ao corpo, como num
abraço solitário em mim,
ou à maneira de travesseiro
- desconforto, meu apêndice -,
lembrança permanente de que
te quero envolvido por eles
com algum lamento pela
inevitável súplica
("fique", eu te pedi, sim,
sem saber muito bem o que fazer
a partir de então...).

sobre os sonhos intranquilos
nessa noite de ausência
em que tanto desejei meu corpo
contra a sua pele nevada,
sua voz de riacho calmo
deslizando pelos meus ouvidos
nutrindo o árido solo
do meu coração em pedaços...

sobre o desejo, sobretudo,
essa fome incômoda e sem trégua
que a vida me impõe e exige
e os sonhos me revelam
em suas faces mais inconfessas;
esse vazio permanente,
obscuro, confuso,
demanda excruciante,
plena de fantasia e dor,
lúcida em seus fins,
perdida em seus meios...

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