quarta-feira, 23 de setembro de 2020

Por que escrevo

Porque é onde minha voz encontra eco.

Eco se enamora de Narciso, mas Narciso é enamorado tão-somente de si mesmo.

Minha voz não ecoa nos meus enamoramentos

Ela ecoa em si mesma, nas palavras que eu escrevo

E que são importantes principalmente para mim mesma.

Eu sempre soube que a minha existência era de uma solidão imensa

O amor, a dor e a solidão - meus motes universais.

Mas há uma satisfação imensa nessa solidão imensa

Que é a de ter vida própria - eu e minhas palavras.

Não preciso que me escutem agora:

Vou fazer com que Narciso se escute através do meu eco.

Mas vou investigar mais sobre a esperta ninfa que enganou Hera

E, amaldiçoada, desintegrou-se em solidão

Até restarem apenas fragmentos de sua voz

(Tão poderosa que, mesmo amaldiçoada, nunca deixou de ecoar.)

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