quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

Hoje eu tava filosófica e me deu vontade de escrever


[Um número de repente, não mais que de repente (que nem no soneto de separação, altamente propício) se tornou obsoleto.]

Meu mau humor ao atender ao telefone - porque eu estava vendo um filme que estava me deixando perturbada,

E eu esperava que fosse outra pessoa do outro lado da linha.

E não era nada do que eu esperava,

E o que é mais engraçado, ou terrível: eu estava esperando.

(Quase escrevi "esperança" no lugar de "esperando",

Tem coisa mais triste que isso?)

Andei descalça pela Avenida Presidente Itamar Franco

(que raiva desse nome)

Porque o sapatinho azul brilhante estava me machucando e eu não tenho mais tanta paciência pra aguentar a dor pela estética.

Estava triste (ou não), chateada (talvez), pensativa (certamente),

E as pedrinhas que me machucavam os pés me tornaram ligeiramente mais filosófica.

Fiquei pensando em todo o absurdo da vida,

Como que uma pessoa vai pra um lugar ensinar uma língua pra outra pessoa.

Isso tudo é muito engraçado e muito maluco.

(Sabe? Nem é a MINHA língua. É só uma língua estrangeira que eu sempre amei, mas que não é a minha pátria, não é o meu lugar.)

Entrei no lugar em que se ensina a dançar balé,

E aí eu calcei o sapato para parecer mais civilizada.

Nada está dando certo porque a minha vida não está compatível com as minhas expectativas.

- Porque eu não faço isso acontecer, na verdade. -

(Pelo menos ainda tem alguém que me olha e me vê,

Pelo menos teve alguém que viu que eu estava olhando,

E olhou de volta.

Duas vezes.

Isso foi bem feliz.)

[Mas é só mais uma expectativa que a vida há de sabotar,

Porque as coisas têm que ser difíceis.]

Por que não acontece como nos filmes?

As pessoas se encantam umas pelas outras com tanta facilidade, e aí tudo acontece, e dá tudo certo, e é tudo lindo, e... e... e...

Me acalmei.

Não quero mais vícios nenhuns.

Só queria um e-mail que me dissesse que tá tudo certo, que me entende, e que acha graça no fato de eu ser ligeiramente (haha) perturbada.

As coisas podiam ser fáceis assim.

[Eu fui dar aula com uma mão pintada e a outra sem esmalte,

Me perguntaram, e eu respondi, com a maior naturalidade:

"Não deu tempo de pintar a outra."]

Ah, cansei.

Eu sempre me canso.

Antes que eu comece a dizer que eu estou cansada e enumerar o que eu queria e o que eu não quero mais,

Despeço-me.





Eu não quero mais despedida nenhuma.
Que droga.

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