traz o tempo e a esperança em seu nome,
processando a têmpera da ardência bruta dos afetos
com suas uranianas águas mágicas, glaciais, fluidas,
que não correm livres como os rios, não:
vertem-se de um cântaro a outro
- lemniscata da eternidade desdobrada -
a moderar, com destreza, o (in)visível,
alquimia exigida pela dança universal.
o anjo-menina-mulher que mora aqui
o é à imagem e semelhança da arcana:
suas águas não são cósmicas nem míticas.
são uma coleção singular de gozos e lágrimas,
as más águas de uma já longa memória,
vertidas daqui pra lá, de lá pra cá,
no inexorável curso das horas...
A Temperança de Salvador Dalí (1970s) |
"A Temperança limpa nossas percepções defeituosas ligando-nos, de um modo divino e humano ao mesmo tempo, ao mundo imutável além do alcance da foice do tempo." (Sallie Nichols, Jung e o tarô: uma jornada arquetípica, p. 255)
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