reconheço sua silhueta esguia: é noite.
envolto em trevas e ruído
- a cidade ao redor emite seus gritos -
você beija a minha testa,
o universo começa a cantar.
sua presença atravessa os meus sentidos.
na última vez em que nunca mais te vi
era fim de tarde: minha mente rodava.
o coração na mão, apertado,
o desejo contrariado, a ingenuidade.
conduzimos um ao outro,
mãos dadas com insegurança,
estranheza, assombro,
o (in)familiar que nos governa
e não se desata, não se desata.
(mistério)
palavras, palavras, palavras, palavras.
pródiga fonte que jorra de nossas cordas
tangidas por ideias afiadas, afinadas.
"você vai achar que eu sou maluco"
- não se preocupe.
primeiro, porque
somos todos malucos.
segundo, porque
estou ocupada demais
me embriagando da sua presença
- essa que nunca mais tive,
essa que pensei que nunca mais teria.
os deuses sabem o que fazem lá
em suas intocáveis esferas.
eles sabem do veneno que nos intoxica
um ao outro, quando sinto
my body when it is with your body:
so quite new a thing.
nós, pequenos deuses, sabemos bem
o que fazemos em nossas particulares esferas:
o que brota de nossas fontes de energia
quando tocamos um ao outro
com os dedos, com os lábios, com os dentes,
com as mãos, os pés, o nariz, a língua:
alegria, alegria.
depois, tudo o que resta
é silêncio
e uma vaga espécie de promessa.
(mas talvez tudo se acabe no próximo segundo)
quinta-feira, 3 de março de 2022
uma noite, uma vida
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