há muito tempo eu não sonhava com fugas intermináveis.
novos significantes revestem velhos significados:
dessa vez eu não sou eu, e as rotas são outras,
os espaços, mais vivos,
porque há pessoas que me acolhem
enquanto adio, por milésimos de segundo,
por milímetros de espaço,
meu encontro com a radicalidade do extermínio.
qualquer decisão imprecisa é fatal.
(um sono inquieto, é claro.
há quanto tempo ele é assim, sem que eu me dê conta?)
〜⋨⋩〜
uma confluência casual de circunstâncias
e o rútilo desejo desabrocha,
nascido das trevas da fantasia juvenil:
entre pedais duplos e distorções,
embebidos no sumo dionisíaco,
meus neurônios viajam pelas espirais do tempo
entranhadas nas frestas da minha carne
- friccionada pela sua.
〜⋨⋩〜
"por quê?", eu me pergunto, miserável,
ao despertar no solo aereárido de Saturno
depois de o poço fundo me revelar
entre suas brumas
que o rio sombrio que me trespassa
ainda é navegado
por dois tenebrosos fantasmas:
o desencontro
e a incompreensão.
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