terça-feira, 25 de junho de 2024

sonhos adolescentes


há muito tempo eu não sonhava com fugas intermináveis. 

novos significantes revestem velhos significados:

dessa vez eu não sou eu, e as rotas são outras,

os espaços, mais vivos,

porque há pessoas que me acolhem

enquanto adio, por milésimos de segundo,

por milímetros de espaço,

meu encontro com a radicalidade do extermínio.

qualquer decisão imprecisa é fatal. 


(um sono inquieto, é claro.

há quanto tempo ele é assim, sem que eu me dê conta?)

                                      〜⋨⋩〜

uma confluência casual de circunstâncias

e o rútilo desejo desabrocha,

nascido das trevas da fantasia juvenil:

entre pedais duplos e distorções,

embebidos no sumo dionisíaco,

meus neurônios viajam pelas espirais do tempo

entranhadas nas frestas da minha carne

- friccionada pela sua.                     

                                      〜⋨⋩〜

"por quê?", eu me pergunto, miserável,

ao despertar no solo aereárido de Saturno

depois de o poço fundo me revelar

entre suas brumas

que o rio sombrio que me trespassa

ainda é navegado 

por dois tenebrosos fantasmas:

o desencontro

e a incompreensão.






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