[notas para um desenho futuro]
os nós que ela desata perpassam sua pele,
braços costurados como uma boneca feita de retalhos:
como se os retalhos que a cobrissem fossem ela mesma, mas não são.
sua aparência é a de um arremedo de sereia,
um monstro frankensteiniano, toda perfurada e coberta de camadas de medo.
tiradas essas camadas, restam suas delicadas carnes cósmicas,
e a cauda com as diáfanas nadadeiras:
perfuradas, sangrando pus infeccionado,
retalhadas: mas vivas,
com uma quente vida vermelha pulsando:
sua alma é uma rosa de inúmeras pétalas.
enquanto desata os nós, enquanto rompe as costuras,
abrindo espaço para sua desejada regeneração,
a sereia canta.
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