domingo, 6 de junho de 2021

"eu nem gosto de acampar"

 Entre o eu e o outro, existe um muro de angústia.

O mesmo que o Pessoa relatava existir em torno do seu eu, enquanto paralisado pelo fosso do fundo de uma depressão sem fundo.

Ainda que não haja fosso, muro sempre há.

O próprio Pessoa buscou romper com essas paredes espalhando suas entranhas mentais em desdobramentos que ele nomeou "outros"

(E, de fato, há muitos eus e outros dentro de um Eu),

Mas a essência do muro que nos cerca a todos

É a tão-fina-quanto-densa incomunicabilidade do ser.

Aí, de fato, usamos dos pixels (visual) e da eletricidade (neuronal)

Para cobrir o outro das mais belas luzes

- configuradas pelos algoritmos dos nossos pensamentos automatizados. 

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