sexta-feira, 6 de setembro de 2019

O amor interdito

Curiosamente, "interdizer", em vez de significar "dizer através de entrelinhas", quer dizer uma proibição. Uma interdição.
(Não é em entrelinhas que dizemos aquilo que é proibido?)
O que fazer dos nossos amores, esses, todos eles pautados em proibições vindas de várias instâncias, em especial (e mais perniciosamente) das nossas próprias, essas que moram nos nossos peitos e nas nossas mentes?
Se a relação com o outro se estabelece na linguagem, a supressão de potenciais expressões obscuras do desejo cala palavras que ficam lá, em suspenso, sem poder de manifestar-se, temperando com neuroses as nossas desesperadas formas de criar vínculos afetivos.
E a angústia permanece aqui e aí, plantada em algum lugar entre o coração e a boca do estômago, isolada em sua incomunicabilidade, mas fazendo-se doer em toda e cada tentativa de abrir pontes para além de nós.

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