quarta-feira, 9 de setembro de 2015

9 de setembro de 2015

Se hoje eu pudesse chamar qualquer pessoa para um café e uma prosa
Certamente escolheria você
- Pelo fato de eu ter ido dormir muito tarde
E ter acordado muito tarde
E ter me sentido tão fracassada em todas as últimas horas dos últimos dias das últimas semanas
Tão fracassada que nem o meu corpo se sente bem-sucedido em suas funções habituais
Tão fracassada que não tenho tido energia nem para me manter respirando bem
Apesar do ataque massivo que tenho promovido aos meus pulmões
Com tanta fumaça intoxicada de tristeza.

Você me compreenderia na sintonia mais fina
Como se um fio de seda muito tênue e leve ligasse perfeitamente o centro das nossas angústias
E a mesma lente ligeiramente azulada estivesse sobre os nossos olhos;
Você me ajuda a enxergar a vida da maneira mística e melancólica a que estou tão habituada
Mas com você eu consigo enxergar algum sentido no meio dessa floresta de signos retorcidos e misteriosos.

Hoje eu tomaria um café bem forte, cheio de açúcar,
Ou um chá de maçã bem suave,
E ambos me fariam sentir profundamente a falta, a ausência, esse vazio imenso que me move
Em que eu fantasio que você mora e me ocupa de maneira cintilante (todos os cantos dilacerados da minha alma).

Nada disso você nunca vai saber
Nem deve querer saber
Mas eu precisava contar, da maneira que fosse,
Como eu adoraria te ver nesse dia branco de hoje
Pra falar de qualquer coisa que me fizesse esquecer o trapo de ser humano que me tornei.

(E que tenho fortes esperanças de deixar de ser,
Mas ando fraca demais pra tomar qualquer atitude em relação a isso
Que não seja
Me intoxicar
Dormir tarde
Acordar tarde
E viver como se estivesse à espera de dias melhores
[Como se não fosse eu mesma que tivesse que trazê-los de volta]).

Nenhum comentário:

Postar um comentário

:)