..is all I ever do.
Don't give up on a dream...
• E eu estou tentando desistir. Arduamente. Eu tento, mas não consigo desistir. Eu não sei desistir.
E o que mais você quer que eu diga?
Mais do que pedir desesperadamente que você se lembre de mim...
Mais do que pedir que você queira me ver, me encontrar...
E deve ser isso que o impede de.. de..
[Falta-me coragem.]
[Falta-me tantas outras coisas mais...]
[Falta-me, simplesmente.]
[Inclusive o amor próprio.. este anda faltando demais.]
Eu.. eu não sei. Não sei de nada.
Eu já abri essa página inúmeras para tentar escrever qualquer coisa que me ajudaria a crer que eu ainda consigo me traduzir em palavras,
Mas eu nem sei mais, e nem precisei desistir disso. As palavras simplesmente me fugiram, sem alarde.
Logo agora que eu descobri...
... que eu sou eu no reino das palavras...
Vem sentar-te comigo Lídia, à beira do rio.
Sossegadamente fitemos o seu curso e aprendamos
Que a vida passa, e não estamos de mãos enlaçadas.
(Enlacemos as mãos.)
Depois pensemos, crianças adultas, que a vida
Passa e não fica, nada deixa e nunca regressa,
Vai para um mar muito longe, para ao pé do Fado,
Mais longe que os deuses.
Desenlacemos as mãos, porque não vale a pena cansarmo-nos.
Quer gozemos, quer não gozemos, passamos como o rio.
Mais vale saber passar silenciosamente
E sem desassosegos grandes.
Sem amores, nem ódios, nem paixões que levantam a voz,
Nem invejas que dão movimento demais aos olhos,
Nem cuidados, porque se os tivesse o rio sempre correria,
E sempre iria ter ao mar.
Amemo-nos tranquilamente, pensando que podiamos,
Se quiséssemos, trocar beijos e abraços e carícias,
Mas que mais vale estarmos sentados ao pé um do outro
Ouvindo correr o rio e vendo-o.
Colhamos flores, pega tu nelas e deixa-as
No colo, e que o seu perfume suavize o momento -
Este momento em que sossegadamente não cremos em nada,
Pagãos inocentes da decadência.
Ao menos, se for sombra antes, lembrar-te-ás de mim depois
Sem que a minha lembrança te arda ou te fira ou te mova,
Porque nunca enlaçamos as mãos, nem nos beijamos
Nem fomos mais do que crianças.
E se antes do que eu levares o óbolo ao barqueiro sombrio,
Eu nada terei que sofrer ao lembrar-me de ti.
Ser-me-ás suave à memória lembrando-te assim - à beira-rio,
Pagã triste e com flores no regaço.
E eu pego de Ricardo Reis a suavidade sem paixão de que eu tanto preciso... Porque a paixão machuca. Se eu não sei ser assim, deixa que ele seja para mim... A poesia me é caridosa. Ela me faz pensar que eu também posso viver alheia às dores do pensar e do sentir.
"Ah! Como dói assim viver, sentindo
Asas nos ombros e grilhões nos pulsos!"
O. Bilac
Eu... Eu não sei o que eu não quero. Só quero que não doa mais.
Eu vou aguentar os paradoxos, as contradições,
Eu vou aguentar o não entender, o jamais compreender,
Mas...
Eu só não quero que doa.
~
E eu vou sorrir por aí, vou me divertir, fingir que não há nenhuma mágoa aqui dentro. E eu estarei sendo sincera... Porque eu sei que conseguirei esquecer as mágoas, mesmo que temporariamente.
Mas quando a noite chegar, madrugada alta... Sei que vou perder o sono, e os pensamentos e as lembranças vão me dominar, e eu arquitetarei mil planos para reencontrar a alegria completa, mas a manhã me trará de volta à lucidez e nenhum plano será posto em prática. E o meu dia será o mesmo, alternando consciência conformada e inconsciência revoltada/triste.
Como me cansa ser tão previsível.
Se tu viesses ver-me hoje à tardinha,
A essa hora dos mágicos cansaços,
Quando a noite de manso se avizinha,
E me prendesses toda nos teus braços…
Quando me lembra: esse sabor que tinha
A tua boca… o eco dos teus passos…
O teu riso de fonte… os teus abraços…
Os teus beijos… a tua mão na minha…
Se tu viesses quando, linda e louca,
Traça as linhas dulcíssimas dum beijo
E é de seda vermelha e canta e ri
E é como um cravo ao sol a minha boca…
Quando os olhos se me cerram de desejo…
E os meus braços se estendem para ti…
Florbela Espanca
• A Flor me ajuda a finalizar. Depois dela, nada mais precisa ser dito [por enquanto].
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Ricardo Reis realmente alivia. Nos faz sonhar. Imaginar que também podemos fazer isso. Mas, como ele consegue?
ResponderExcluirAcho que a sua tranquilidade era admirável. Pois havia um pensamento, um questionamento.. ele simplesmente, contudo, preferia o mais equilibrado. O mais sem dor. E essa sempre é uma escolha nobre.
Só pode fazê-la bem, contudo, aqueles que possuem certeza. Que não se arrependem. Será que nós nos arrependeríamos?
Creio que sim.
Creio que pertencemos mais à Campos do que a Reis. Todo aquele exagero nos é um tanto quanto típico.
Mas é muito belo, sem dúvida, admirar as palavras de quem tem mais controle sobre os ímpetos.
É bonito.
Te amo :]
(L)³³