O céu tingiu-se de um roxo estranho; a [pseudo] chuva tentou fazer com que o calor se dissipasse, mas parece que nada adianta. A massa de ar quente e sufocante insiste em permanecer sobre a cidade, um sol impiedosamente quente deixa as pessoas letárgicas, exageradamente apáticas.
Uma brisa tépida se estende pelos espaços vagos entre os pilares de concreto. Traz para os lares abarrotados um mínimo conforto, e o presságio de que a situação não há de mudar tão cedo. Gotas esparsas tentam pingar esperança, mas elas parecem evaporar antes de alcançarem o chão - o vasto e implacável calor apaga qualquer vestígio de frescor, de descanso. Todos estão fatigados, com seus corpos pesados, como se há muito se arrastassem por um imenso deserto, esse deserto de metal e concreto que potencializa os efeitos da instabilidade climática. O calor é física e metafisicamente insuportável.
O pôr do sol ganhou cores agourentas; recusou-se a ser a paisagem romântica que os amantes tanto prezam. Talvez nem os amantes estejam se suportando; afinal, o calor excessivo do ambiente deixa os corpos ainda mais quentes, pesados, preguiçosos e misantropos. É impossível pensar em qualquer outra coisa, o desejo de que a asfixia amenize é deveras implacável. Enlouquecedor, talvez.
As cores estivais são mais alegres, decerto; porém, quando o desequilíbrio [provocado pelo homem] castiga a natureza, tudo se torna seco, infrutífero. Todas as cores perdem o viço; os campos verdes se transformam em charnecas selvagens, áridas e hostis. Não só a água evapora - toda a vida parece se esvair em sutis nuvens de fumaça, voláteis e efêmeras. As fontes se tornam pedras amargas, ressentidas com todo o horror que a despreocupação humana provoca.
Diante de tudo isso, uma pergunta paira no ar, tão ameaçadora quanto o calor: qual a graça de estar vivo, se não há esperança de mudar qualquer aspecto dessa vil condição?
[Essa pergunta... é um sinal da loucura que está à espreita... a loucura comum de uma vida condenada.]
Uma brisa tépida se estende pelos espaços vagos entre os pilares de concreto. Traz para os lares abarrotados um mínimo conforto, e o presságio de que a situação não há de mudar tão cedo. Gotas esparsas tentam pingar esperança, mas elas parecem evaporar antes de alcançarem o chão - o vasto e implacável calor apaga qualquer vestígio de frescor, de descanso. Todos estão fatigados, com seus corpos pesados, como se há muito se arrastassem por um imenso deserto, esse deserto de metal e concreto que potencializa os efeitos da instabilidade climática. O calor é física e metafisicamente insuportável.
O pôr do sol ganhou cores agourentas; recusou-se a ser a paisagem romântica que os amantes tanto prezam. Talvez nem os amantes estejam se suportando; afinal, o calor excessivo do ambiente deixa os corpos ainda mais quentes, pesados, preguiçosos e misantropos. É impossível pensar em qualquer outra coisa, o desejo de que a asfixia amenize é deveras implacável. Enlouquecedor, talvez.
As cores estivais são mais alegres, decerto; porém, quando o desequilíbrio [provocado pelo homem] castiga a natureza, tudo se torna seco, infrutífero. Todas as cores perdem o viço; os campos verdes se transformam em charnecas selvagens, áridas e hostis. Não só a água evapora - toda a vida parece se esvair em sutis nuvens de fumaça, voláteis e efêmeras. As fontes se tornam pedras amargas, ressentidas com todo o horror que a despreocupação humana provoca.
Diante de tudo isso, uma pergunta paira no ar, tão ameaçadora quanto o calor: qual a graça de estar vivo, se não há esperança de mudar qualquer aspecto dessa vil condição?
[Essa pergunta... é um sinal da loucura que está à espreita... a loucura comum de uma vida condenada.]
(/insomnia08)
ResponderExcluirironia. adoro-a.
sabes aquela verificação de palavra que temos que fazer, pra comentar? a palavra que pra mim veio foi racha.
HUAUHA. céus.
mas é, acho que não tem a mínima graça. o texto, contudo, tem muita. totalmente verdadeiro - e toca naquela questão mais essencial.