Ele passeava calmo pela superfície das nuvens.
"Não sou nada, nunca serei nada..."
Como se estivesse de mãos dadas a F. Pessoa, ele caminhava pelo campo branco e macio.
Sabendo sobre os recônditos inexplorados da alma humana...
Como se toda a sabedoria do poeta lhe soprasse os mais divinos e proibidos segredos.
"Eu não sou nada, nunca serei nada..."
E mesmo assim, sentia que era bem maior do que tudo o que julgava ser "tudo".
"O poeta é um fingidor..."
Ele queria ter alma de poeta!
Para saber fingir, para fazer fugir de si a dor...
"Navegar é preciso, viver não é preciso..."
Nada é preciso nessa vida - ele sabia.
Tudo sempre lhe foi tão vão, tão desprovido de sentidos claros!
Agora ele podia passear calmamente pela superfície das nuvens,
Sentir nos pés toda a leveza do ar,
Ao invés de pisar no mundo, já tão saturado de pessoas...
Ele queria ser apenas uma Pessoa.
Voando livre como um pássaro, ele pôde ser uma Pessoa...
A sensação de ser livre é apenas para quem se dispõe a enxergar o mundo com olhos de poeta.
Nada mais precisa ser preciso.
Fernando Pessoa é tudo...
ResponderExcluirBelíssimo texto.
Novamente parabéns pelo blog!
[eis-me aqui depois de muito tempo...]
;)