quarta-feira, 23 de outubro de 2024

caos

todas as colheres com que meço
café e açúcar
mais ou menos empilhadas no fundo da pia.

num dia, é dia do poeta.
no outro, morre um poeta
e nos perfura a todos
os sensíveis
a sua carta de despedida
em que ele confessa suas grandes paixões:
a leitura
e os amigos.

a solidão amarga com que redijo essas palavras canhestras
(adjetivo roubado de uma carta de um meu amigo,
meu amigo: você ainda está aí?)

a solidão compartilhada ao redor da qual me encontro
com outros, novos feixes de vida
que se misturam aos meus
trazendo algo de vibrátil
aos meus dias tom cinza

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