desde que entendi a força do som reverberando no espaço, me tornei muito mais sensível a ele - ou consciente da minha sensibilidade sensorial.
o reino dos pensamentos é um refúgio caótico para quem está permanentemente tentando coligir os relances em um todo coerente: às vezes nada faz sentido, mesmo. e está tudo bem. é importante apenas sentir, mas quando o sentimento só faz doer, não resta nada além de correr pra dentro, onde só há pensamentos.
(pra dentro: a antessala dos pensamentos. é caótica, mas é refúgio. o abismo que ainda há, por trás, é bem fundo...)
me lembrei de Gurov e Ana Siergueiévna, minhas companhias de um ansioso domingo à noite. também Gurov esperou, ao som do piano, aflito, por uma resposta cósmica.
tentar entender o cosmos é um erro de principiante. refugiar-me nos pensamentos é minha insubmissão, mas às vezes o salto de fé é a única coisa a ser feita. curvar-me não é coisa de que eu goste (alô ⚸♑, ♄♒), mas eu me rendo a você, Grande Mistério.
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