a. This scenario is the big sadness - what I constantly feel is just a yearning (bell hooks) for connection while living inside this great existential shit;
segunda-feira, 27 de fevereiro de 2023
Do caderno holográfico da sereia cósmica (1)
a. This scenario is the big sadness - what I constantly feel is just a yearning (bell hooks) for connection while living inside this great existential shit;
sábado, 25 de fevereiro de 2023
great hopes, low expectations
ESCREVA UMA ÁRVORE, PLANTE UM FILHO, TENHA UM LIVRO
segunda-feira, 20 de fevereiro de 2023
por que o capitalismo não é uma religião, por Byung-Chul Han
"Tanto a desculpa quanto a gratificação pressupõem a instância do outro. A falta de ligação com o outro é a condição transcendental de possibilidade para a crise de gratificação e a crise de culpa. Essas crises deixam claro que, em contraposição à suposição muito difundida (p. ex., por Walter Benjamin), o capitalismo não é uma religião, pois cada religião opera com culpa e desculpa. O capitalismo só é inculpador. Não dispõe qualquer possibilidade de expiação, que pudesse livrar os culpados de sua culpa. A impossibilidade de desculpa e expiação é responsável também pela depressão do sujeito de desempenho. Junto com a Síndrome de Burnout, a depressão representa um fracasso sem salvação e insanável no poder, isto é, uma insolvência psíquica. Insolvência significa, literalmente, a impossibilidade de liquidar a dívida e a culpa (solvere)." (BYUNG-CHUL, 2017, p. 25)
também diz ele que o eros vence a depressão - mas quem está disposto a fazer esse movimento? sozinha não dá, porque
"O eros é precisamente uma relação com o outro, que se radica para além do desempenho e do poder. Seu verbo modal negativo é não-poder-poder. A negatividade da alteridade, a saber, a atopia do outro, que se subtrai de todo e qualquer poder, é constitutiva para a experiência erótica [...]." (idem, p. 25)
Gilvan olhou desconfiado, certa feita, para essa "negatividade" constitutiva da experiência erótica, me fazendo pensar na diferença entre o pensador europeu (o Byung-Chul) e a pensadora feminista negra (bell hooks, é claro). Porque bell fala sobre o amor na perspectiva da falta: sabê-lo pelo avesso, como ausência.
(Uma das mais bonitas dialéticas, a da presença-ausência...)
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[de 16/02]
não poder poder me parece que é o verbo modal do Eros
segundo a exausta lógica do Byung-Chul Han.
se eu estiver enganada (não estava!), mesmo assim
vale o raciocínio.
não poder poder é uma poda
da constante expansiva
da sociedade do desempenho.
abaixo o poder, o que exaure e oprime.
viva o poder que afirma a vida (bell hooks)
- mas esse, não sei se sequer entra
nos anais europeus da história da filosofia.
não entrando, não sei como infundi-lo
na lida cotidiana.
me parece que todos avançam movidos por
sei lá que bizarra força
que está longe de ser meu ideal de movimento:
um deslizar macio, sem atrito,
uma afinação sustentável de metabolismos
guiada pela ideia simples
de harmonizar uma totalidade.
(quem aposta na crise é porque sabe,
com a dor dos nervos tesos ao limite do suportável,
de sua inevitabilidade.
afrouxados pelo desgaste,
cedem,
mas seus dolorosos, brilhantes produtos
resplandecem, mudos, nas minhas prateleiras
esperando por meu coração de carne
para infundir-lhes renovada vida.)
complicada como um bonsai
[de 19/01]
essa constante enxurrada seca de palavras
é uma tentativa desesperada
de aplicar ferramenta tão maravilhosa
- a linguagem -
para traduzir os erráticos, desproporcionais
padrões do meu pensamento-emoção
- porque o que em mim sente está pensando.
o bonsai é uma estrutura raquítica
artificialmente criada
(como um poema sucinto)
para abrigar no conforto de um lar exíguo
o mistério da vida.
domingo, 5 de fevereiro de 2023
do Pastor Amoroso
"
Agora que sinto amor
Tenho interesse nos perfumes.
Nunca antes me interessou que uma flor tivesse cheiro.
Agora sinto o perfume das flores como se visse uma coisa nova.
Sei bem que elas cheiravam, como sei que existia.
São coisas que se sabem por fora.
Mas agora sei com a respiração da parte de trás da cabeça.
Hoje as flores sabem-me bem num paladar que se cheira.
Hoje às vezes acordo e cheiro antes de ver.
"
(Alberto Caeiro)
[a esquisitice do "sei com a respiração da parte de trás da cabeça",
tão deliciosamente inadequada]
[no link, uma variação vocabular no verso 02]
[Caeiro, meu oráculo de longa data, também meu mestre.]
sábado, 4 de fevereiro de 2023
you say you love me
and this is beautiful and nice, but
have you taken a good look at these words
"I love you"
?
besides being an abstract noun
- and this is the privileged morphological classification -
love is a fucking verb.
(consider this a weird kind of English class)
so I ask you, my dear friend,
given that love, being a verb,
implies action:
how do you love me?
when do you love me?
(the usage of interrogative pronouns and auxiliaries make my argument
unmistakable
- or at least this is what I hope)