vertem-se-de-mim
todas as minhas más águas de amor represadas.
(quase) todas elas tão más que me recordam uma fala:
"se todos foram tão ruins, talvez o problema seja você".
Sim, maldito. O problema sou eu,
a lo(s/v/n)er.
"Love is a losing game".
vertem-se-de-mim
todas as minhas más águas de amor represadas.
(quase) todas elas tão más que me recordam uma fala:
"se todos foram tão ruins, talvez o problema seja você".
Sim, maldito. O problema sou eu,
a lo(s/v/n)er.
"Love is a losing game".
Negligencio minhas frieiras
Pelo inocente gozo de coçá-las.
Trago os mesmos ombros tensos
E o mesmíssimo fino
Grito de horror
Permanentemente instalado
No fundo da minha garganta
– nem sempre abafado.
Sou a mesma pessoa.
A mesma tristeza úmida
Pende de meus olhos fundos.
O mesmo pasmo –
Mas, agora, envenenado.
A consciência do Inverno
Me trouxe, porém, novas palavras.
O mundo desencantado,
Só se o aguenta se se puder cantar
– ou gritar.
Não fosse nossa capacidade humana de fazer música,
Os pensamentos já teriam corroído os últimos resquícios da minha sensibilidade mais fina,
Deixando-me à deriva da loucura.
O que há em mim é sobretudo cansaço e desalento
Em face de um mundo em vias de atravessar seu ocaso.
(E eu que pensava que sofria... [Mas sofria deveras.]
Soubesse eu o que seria o desenrolar dos dias
- Soubesse eu que os dias efetivamente se desenrolam
E não ad aeternum.)
Amor não é licenciosidade. Ele não justifica tudo, ele não é o Absoluto.
Se existe toda uma gama de sentimentos e emoções e gestos e atos experimentados pelo ser humano em sua experiência de viver e existir
- E o Amor é apenas um deles -,
Ele deve orientar os traços que desenhamos em nossos limites.
O Amor é o reconhecimento honesto, sincero e respeitoso de nós mesmos e do outro.
"Deus é impecável" e Konder é "impenitente".
Se Deus abençoa o capitalismo, sou eu impenitente também.
Se Deus é a ausência do pecado, Deus e capitalismo são diametralmente opostos.
O deus minúsculo de Clarice me cabe suficientemente para a angústia que me envenena as horas.