sábado, 18 de julho de 2009

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Se eu ainda estivesse propensa a viver em um mundo de fantasias surreais, de sonhos não tangíveis... Se eu não houvesse adquirido o meu mínimo de instrução, suficiente para que eu comece a enxergar que não vale a pena viver um ilusório jogo de falsas verdades e imensas mentiras... Se eu não tivesse mudado, profunda e concretamente, com certeza eu ainda alimentaria certos erros, aqueles que crescem silenciosamente, sem que possamos perceber, e que acaba por nos engolir em furor de criatura irracional.
Eu insistiria em criar um mundo teatral, cheio de dramas, de tristezas inexplicáveis, de problemas insolúveis, de tragédias docemente lavadas por sangue e lágrimas. Eu me levaria novamente aos extremos da dor, eu me lançaria novamente aos abismos da passionalidade. Eu perderia, completamente, o balanço entre razão e sentimento - o equilíbrio fundamental.
Nesse meu mundo teatral, eu não deixaria que entrassem os olhos claros dos sonhos possíveis, os corpos brilhantes com cheiros macios que chamam à dureza firme e lúcida da realidade. Eu ainda seria paciente para ver desfilar, em seu grandioso e reluzente manto de ilusão, aquele que tem perfume de lembrança inquieta, que não se sustenta com o passado; eu me permitira construir um pedestal ainda mais suntuoso para aquele que, com delicadas mãos, dilacerou meus sonhos e meu coração. Mas não. A isso eu não mais me permito.
Se eu ainda navegasse pelas águas do passado, certamente eu quereria nelas me afogar, para criar um impasse que me deixaria entre vida e morte, extremismo tão fútil e desnecessário. A vida já é uma guerra suficientemente grande para que queiramos criar batalhas vãs.
Eu mudei, profunda e concretamente. Meus sonhos e fantasias já não são fundamentados em vícios, em temas escuros e difusos. Eu ainda sonho, mas sonho mais alto, sonho mais profunda e calmamente, sonho sem desespero, sonho sem dor. Sonho objetivamente, com amor verdadeiro, com um Ideal tranquilo de se amar, que abrange todas as possíveis necessidades do Eu mais profundo. Eu não preciso mais criar um mundo para me refugiar da realidade. Estou aprendendo a fazer da realidade o meu mundo, repleto de aventuras que me façam ir além, que me façam construir algo sutil porém concreto, doce, cheio de um significado profundo e simples, leve e válido para todos aqueles que queiram partilhar comigo essas aventuras.

3 comentários:

  1. Lindo texto minha espartana favorita!
    Espero partilhar ainda muitas aventuras com você.

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  2. Não é que é verdade. A razão nos rege, aparentemente, mas é tão difícil perceber o quanto doem essas batalhas extras, completamente inúteis.
    But than again, se fossemos falar de inutilidade, falaríamos o mundo todo.

    Fique bem.
    (L)³

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:)