sábado, 14 de fevereiro de 2009

La vida que emana de todas mis heridas;

E eu estou triste daquela tristeza que navega adentro dos mares infinitos de pensamento, daquela tristeza que guarda os segredos de singrar e sangrar eternamente, sem morrer... Daquela dor que dói, profundamente, e não mata. Daquela dor que não se consome, alimenta-se de vagas esperanças e sobrevive e vive cada vez mais forte, independentemente das inúmeras tentativas de destruí-la.


Estou vivendo das migalhas de vida. Vida... o que isso deveria significar?


Na verdade, e eu aprendi a gostar de dizer 'na verdade' porque estou aprendendo a gostar da verdade, na verdade eu queria ir para bem longe, para onde o mundo não tem tanta dor e é lindo de encher os olhos de lágrimas emocionadas, não doloridas. Eu queria atravessar os mares concretos, que não são infinitos e sim pequenos perto das grandes máquinas de encurtar distâncias chamadas aviões, e então ver as coisas belas que o homem criou - não quero ter que ver só as coisas feias e sujas. Quero esquecer o esboço de vida ao qual sou diariamente impelida, e viver extasiada, imersa em emoções boas, andando como se o chão fosse nuvem e o céu, um grande abraço azul reconfortante. Dar as mãos ao vento e não me condenar por, em função disso, me tornar um tanto mais volúvel e inconstante. Na verdade, eu não queria mais me condenar e torturar. Basta de fingir viver.



"Que mistérios tem Clarice?", e eu digo, Clarice tem os mistérios que me abrem as veias, deixam meu sangue fluir e escrever com plena e sereníssima sinceridade.



[...]


Mas eu ainda estou triste de não poder ser mais triste, de querer me afogar não nas lágrimas que agora derramo - raquíticas e insignificantes -, mas nas lágrimas de outrora, vigorosas, grandes, fortes, cheias dos primórdios da dor, a dor do amor em sua forma puríssima. O que acontece é que tudo se tornou deveras profano, e não posso querer mais essa angústia, a de me profanar na dor torpe; por mais que a tristeza não aumente, as suas companheiras permanecem na vigília, prontas para o ataque: a angústia e a ilusão. Estas sim podem aumentar, e transformar a desgraçada fenda que há no meu peito em um abismo imensurável, alagado por todas as lágrimas que já existiram, puras ou sujas, sagradas ou profanas, fortes ou raquíticas, primordiais ou recentes.


[...]


Outro dia uma música me perguntou, "qual é a dor de uma paixão?"


"Ontem, ao luar, nós dois em plena solidão
Tu me perguntastes o que era a dor de uma paixão
Nada respondi, calmo assim fiquei
Mas, fitando o azul, do azul do céu
A lua azul eu te mostrei
Mostrando-a a ti, dos olhos meus correr sentir
Uma nívea lágrima e, assim, te respondi:
Fiquei a sorrir, por ter o prazer
De ver a lágrima nos olhos a sofrer

A dor da paixão não tem explicação
Como definir o que só sei sentir
É mister sofrer, para se saber
O que no peito o coração não quer dizer
Pergunta ao luar, travesso e tão taful
De noite a chorar na onda toda azul
Pergunta ao luar, do mar à canção
Qual o mistério que há na dor de uma paixão

Se tu desejas saber o que é o amor
Sentir o seu calor
O amaríssimo travor do seu dulçor
Sobe o monte à beira mar, ao luar
Ouve a onda sobre a areia a lacrimar
Ouve o silêncio a falar na solidão
De um calado coração, a penar
A derramar, os prantos seus!
Ouve o choro perenal, a dor silente, universal
E a dor maior que é a dor de Deus.

Se tu queres mais saber a fonte dos meus ais,
Põe o ouvido aqui na rósea flor do coração
Ouve a inquietação da merencória pulsação.
Busca saber qual a razão
Por que ele vive, assim, tão triste, a suspirar.
A palpitar em desesperação
A teimar, de amar um insensível coração
Que a ninguém dirá no peito, ingrato em que ele está
Mas que ao sepulcro, fatalmente, o levará."




Marisa Monte, dando melodia a tão linda poesia, tentou me explicar o que era a maldita dor de uma paixão. A dor vem toda "de amar um insensível coração". Talvez não insensível ao restante do mundo. Talvez apenas àquela que escolheu, para si, o bendito fardo da dor da paixão, mistério sem incisiva explicação. Mas a música não é só de um único peito dolorido e dilacerado, é de todos aqueles que escolheram o caminho mais terrível do aprendizado mais terrível da vida, o aprender a amar.



Na verdade, na mais pura verdade, os que escolhem esse difícil caminho obedecerão à sentença, 'amar levará o seu coração, fatalmente, ao sepulcro'.

[...]


Ah, Alma Infinita! Liberta-me dessa dor, que eu não sei se é de amor, de paixão ou de ilusão!
























[Ao som de Elfonía, despeço-me mui cordialmente. See ya.]

2 comentários:

  1. Eis a segunda vez que leio seu novo post, subrinha, e bem como na primeira, I'm speachless :]

    Só gosto de lê-los, sabe?, por que faz parte da magia das palavras. É bom ver pessoas com o dom de espalhar essa magias - essas dores e paixões da alma.

    A nova foto ficou linda, aliás (L)

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  2. "Nossa May, então num sei .-.
    É difícil eu te ajudar porque cê num é como as outras pessoas...
    A maioria das pessoas que eu conheço fica mais retardada enquanto cresce, inclusive eu, tipo numa tentativa de voltar a infância, de ser bobinho sem ser irresponsável, cê é muito mais séria ;p
    Sei lá, num é qualquer coisa que te diverte...
    Então acho que o máximo que eu posso desejar é melhoras e te ouvir no que for possível."

    Infelizmente continuo com o mesmo discurso porque acho que cada pessoa tem uma forma de conviver e ultrapassar sua própria dor. Espero do fundo do meu coração que você se sinta melhor, saiba que seu nome está nas minhas orações. Te amo infinitamente! ;*

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:)