quarta-feira, 18 de junho de 2008

Pequena crônica de amor.


Hoje eu sonhei com você.


Foi algo meio triste. Toda a falta de sintonia de nossas almas, transcrita tão claramente pela minha subconsciência. A diferença substancial de nossos anseios - se é que eles existem.


Estávamos tão próximos! Deitados, descompromissados, irmãos. Calando os sentimentos. Eu afagava seus cabelos irreais; crespos, pesados. Carregados de pecados. Minhas mãos imaculadas desfiavam e desafiavam seus cabelos e seu passado - pecados e pudores, postos finalmente cara a cara. Tudo muito mágico.


Seus olhos lânguidos quase adormeciam sob os meus afagos. Meus olhos, sempre sorridentes, fixavam-se em você. Seu corpo estirado, meu corpo tenso e fechado. Apenas minhas mãos libertas, prontas e dispostas a sonhar. Sua face, adormecida, de descaso; minha face, acesa de alegria.


Até que, num momento vago, você se virou. Olhou em meus olhos, afirmando:

"Você gosta de mim."

"Muito."
Respondi tremendo, sorrindo.

Então você chegou mais perto - perigosamente. Meus lábios e meus dedos estavam vermelhos - não pintados, de maneira que eu te provocasse, mas naturalmente enrubescidos, pelo sangue que denunciava todo o meu medo, toda a minha insegurança. Ao ouvir minha resposta, você reagiu rapidamente. Despertou, como se esperasse por uma permissão. Pediu arrogantemente que eu me deixasse ser marcada pelos seus pecados. Mas não era nada disso o que eu queria.


Não te desejava; apenas te amava. Queria ser seu alento, não seu objeto. Você nunca teve e nunca terá consciência das minhas intenções; mas as suas, ah!, eu as conheço muito bem. E não quero comprová-las.


É, você me prendeu em seus braços, e tentou apossar-se de minha alma. Enquanto seus lábios sussurravam beijos em meu pescoço, livrei-me violentamente. Corri para longe. Você foi atrás de mim, confuso, enfurecido, orgulho ferido. Meus olhos gritaram, em desespero magoado: "não quero, não posso. Deixe-me em paz!" Sua insensibilidade é assim, tão incompreensível... Parti. Estático, você esperou que eu regressasse; o amor disse para eu jamais voltar, para não mais me ferir. Basta! Não vou mais tentar fazê-lo compreender.


Foi assim que sonhei com a condenação de nossas almas: eu, fadada à tarefa frustrada de acordar e amar um coração indiferente e seco. Você, sempre adormecido e suprimido pelos seus desejos e ilusões. Nenhum de nós saberá sobre a pureza do amor concreto, doado, recebido e recíproco. Essa será a sentença e o aprendizado de nossas vidas.

6 comentários:

  1. . . .

    Talvez haja ai um incompreendimento mutuo...
    talvez haja ai, muito mais que simples desejo...
    talvez haja nesse sonho...muito mais medo =X

    leva a mau não tá ^^
    por favor...ja cansei de ter-ti com a cara virada pra mim... ;/

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  2. oh, subrinha.
    sua escrita sempre lembra-me tantos atuores juntos @_@'~
    é incrível: escreves um tanto quanto igual ao Will, mas com um pingo de Clarice L XDD

    Te amo (L).

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  3. aa desculpa a frase final... =X
    sem sentido né...
    é que eu me equivoquei
    pensei estar escrevendo a frase final em outro blog..
    desculpa....

    vale 3 linhas de cima ta

    asudhasuhdahsdhasdhas

    sory =X :$:$:$:$:$:$:$:$:$

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  4. http://unschuldgestalt.blogspot.com/

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  5. este escrito - belíssimo, diga-se de passagem - parece originar-se d'um fato ocorrido - embora não necessariamente como o descrito.
    mas espera-se que não, visto que é mto triste...

    fiques bem, minha querida filha ;)
    te amo.

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  6. Sobre o texto: Nossa. (no melhor significado de "nossa", existente)

    Sobre uns comentários que li aqui em cima: Realmente, em alguns momentos lembra Clarice, mas é uma Clarice "Mayarizada", ou seja, é você. E eu adoro Clarice :)

    Sobre esta parte: "Nenhum de nós saberá sobre a pureza do amor concreto, doado, recebido e recíproco. Essa será a sentença e o aprendizado de nossas vidas." - Sua habilidade de fazer com que eu sinta socos na barriga está ficando cada vez "mais melhor de boa", sauhsauhsausha.

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:)